Quantificação de α-tocoferol, retinol e carotenóides e seus possíveis efeitos sobre a peroxidação lipídica em trabalhadores expostos a solventes
Fecha
2011-02-18Metadatos
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O estresse oxidativo é um processo caracterizado pela diminuição do sistema
de defesa antioxidante e/ou por uma produção excessiva de espécies reativas
(ERs). As ERs são substâncias capazes de lesar proteínas, lipídios e DNA. Quando
os lipídios são atingidos ocorre um processo chamado de peroxidação lipídica que
leva ao aumento nos níveis de malondialdeído (MDA). O estresse oxidativo está
envolvido com a patogênese de muitas doenças crônicas, como diabetes, câncer,
doença de Parkinson e em danos teciduais em expostos a agentes químicos, como
neurotoxicidade, hematotoxicidade e nefrotoxicidade. Sabe-se que existe uma
estreita relação entre os solventes orgânicos, presentes em tintas, e o estresse
oxidativo. Diante disso, o organismo dispõe de um elaborado sistema de defesa
antioxidante, os antioxidantes exógenos, como as vitaminas lipossolúveis e o
sistema endógeno como enzimas antioxidantes. Dessa forma, nesse estudo foi
primeiramente otimizada e validada metodologia para simultânea quantificação de
antioxidantes exógenos: retinol, α-tocoferol, licopeno e β-caroteno, utilizando
cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE-VIS/fluorescência). Os parâmetros
analíticos de validação analisados foram linearidade, precisão, exatidão,
recuperação e limites de detecção (LD) e quantificação (LQ). Para todas as
vitaminas analisadas, os coeficientes de regressão linear foram > 0,99; CV% < 5%;
bias% < ± 6%; recuperação > 92% e os valores de LD e LQ obtidos foram
satisfatórios para aplicação na rotina clínica. O método validado foi aplicado em um
grupo de expostos ocupacionalmente a tintas (n=45) e um grupo de não expostos
(controle, n=30). Os resultados indicaram que todas as vitaminas, exceto a vitamina
E, foram significativamente menores no grupo exposto. Além disso, avaliou-se o
possível efeito protetivo de antioxidantes exógenos e endógenos sobre o dano
lipídico. Foram realizadas as dosagens dos antioxidantes endógenos, glutationa
reduzida (GSH) em eritrócitos, das enzimas superóxido dismutase (SOD) e catalase
(CAT) em sangue total por métodos espectrofotométricos e os níveis de
malondialdeído (MDA) em plasma por CLAE-VIS nos dois grupos de estudo,
expostos (n=42) e controles (n=28). A monitorização biológica foi realizada através
da dosagem de tolueno sanguíneo, uma vez que, em trabalhos prévios, foi sugerido
que este solvente seria o principal indutor de peroxidação lipídica. Apesar dos baixos
níveis de tolueno sanguíneo encontrados, os trabalhadores expostos apresentaram
níveis de MDA e atividade das enzimas antioxidantes (SOD e CAT)
significativamente elevados, quando comparados com o grupo controle e esse
aumento foi acompanhado de depleção nos níveis de GSH. Ainda, foram
observadas várias correlações entre os níveis de MDA e os antioxidantes
endógenos enzimáticos (SOD e CAT) e não enzimático (GSH) e ainda com as
vitaminas lipossolúveis, exceto vitamina E. Através de testes estatísticos foram
avaliados quais antioxidantes teriam uma maior influência nos níveis de MDA.
Dentre os antioxidantes analisados, a GSH e os carotenóides (principalmente o β-
caroteno) foram sugeridos como principais responsáveis pela redução da
peroxidação lipídica. Com isso, pode-se sugerir que aumento nos níveis de
carotenóides, via dieta, tendem a diminuir o dano lipídico em indivíduos ocupacionalmente
expostos a solventes constituintes de tintas.