Diazepam e fluoxetina inibem a resposta de estresse em zebrafish (Danio rerio)
Resumo
A presença de produtos farmacêuticos no ambiente aquático tem sido relatada há alguns anos em vários estudos. No entanto, o impacto de medicamentos sobre os organismos presentes nesses ecossistemas ainda é pouco conhecido. Assim, investigamos os efeitos da exposição aguda ao diazepam e à fluoxetina sobre a resposta ao estresse agudo em zebrafish (Danio rerio). Os peixes foram expostos aos fármacos por 15 minutos e, após esse período, o grupo denominado tempo 0 foi coletado; os demais grupos foram submetidos a um estímulo de estresse, com perseguição dos peixes com uma rede durante dois minutos, e, após, foram coletados nos tempos de 15, 60 e 240 minutos. Foram utilizadas três concentrações de diazepam a 0,88 μg/L (concentração ambiental); 16 μg/L; e 160 μg/L, concentração com efeitos comportamentais relatados em zebrafish. Em relação à fluoxetina, foram utilizadas as concentrações de 1 μg/L, 25 μg/L e 50 μg/L (25 a 50 vezes a concentração do ambiente, respectivamente). Nossos resultados demonstram que o diazepam e a fluoxetina inibem o eixo de estresse no zebrafish. A concentração intermediária de diazepam é capaz de suprimir a resposta de estresse, conforme se mediu pelos níveis de cortisol, ao passo que a fluoxetina é capaz de inibir a resposta ao estresse em concentrações semelhantes às encontradas no ambiente. Peixes com resposta de estresse prejudicada perdem a capacidade de manter a homeostase contra fatores de estresse, uma vez que reduz a capacidade de promover ajustes iônicos, metabólicos e comportamentais necessários para tal resposta. Assim, esses dados sugerem que a presença de fármacos psicoativos em ecossistemas aquáticos pode causar disfunção neuroendócrina em peixes.