Efeito da cafeína sobre a consolidação tardia da memória de medo em ratos
Abstract
Cafeína, um antagonista não seletivo dos receptores de adenosina, é uma das substâncias psicoestimulantes mais consumidas no mundo. Existem relatos contraditórios a respeito do efeito da cafeína sobre a memória e aprendizado. Enquanto alguns estudos sugerem um efeito de melhora pela administração da cafeína em modelos animais de laboratório e humanos, outros relatam que ela não afeta a memória ou mesmo prejudique. No presente estudo, nós investigamos se a administração de cafeína altera a consolidação tardia e a persistência da memória de medo na tarefa de condicionamento ao contexto em ratos. Ratos Wistar machos adultos receberam três choques 1 s - 0,6 mA (separados por 40 s) em uma câmara de condicionamento de medo, e foram injetados com salina (0,9 % NaCl, i.p.) ou cafeína (0,3, 3 ou 30 mg/kg, i.p.) ou espermidina (10 mg/kg, i.p.), 12 horas após o treino. A sessão de teste foi realizada 2, 7 ou 14 dias após o treino e a porcentagem da resposta de freezing foi medida. A administração de cafeína (3 mg/kg, i.p.) 12 h após o treino aumentou o freezing ao contexto de ratos testados 2 dias após o treino. Nenhuma dose de cafeína foi capaz de alterar o freezing ao contexto nas sessões de teste realizadas 7 e 14 dias após o treino. A administração de espermidina (10 mg/kg, i.p.) 12 h após o treino, foi capaz de aumentar o freezing ao contexto nas sessões de teste realizadas 2 e 7 dias após o treino. Nossos resultados sugerem que a administração tardia de cafeína facilita a consolidação da memória, mas não a persistência da memória em ratos.