Efeito da exposição aguda à fumonisina B1 nas convulsões induzidas por pentilenotetrazol em camundongos
Abstract
As micotoxinas são metabólitos secundários, produzidas por espécies de fungos dos gêneros
Aspergillus, Fusarium, Claviceps e Penicillium. Geralmente as intoxicações se dão pela
ingestão de produtos vegetais contaminados, bem como pelo consumo de alimentos
derivados. Dentre os 400 diferentes tipos de micotoxinas, destacam-se as fumonisinas, em
especial a fumonisina B1 (FB1) que corresponde a cerca de 70% das fumonisinas totais. Tem
sido demonstrado que a toxicidade desta micotoxina pode estar relacionada com efeitos
tóxicos no sistema nervoso central, envolvendo-se em processos inflamatórios e crises
convulsivas. O mecanismo de toxicidade das fumonisinas está relacionado ao metabolismo
dos esfingolipídios no qual o esgotamento desses esfingolipídios complexos e o acúmulo das
bases esfingóides alteram funções celulares importantes, favorecendo estresse oxidativo, a
inibição secundária de proteínas e excitotoxicidade. Deste modo, este estudo investigou se a
FB1 é capaz de facilitar o efeito indutor de convulsões do modelo do pentilenotetrazol (PTZ).
Avaliamos também o mecanismo de ação responsável por tal efeito, a fim de estudar
estratégias que tornem possível a prevenção ou minimização dos seus efeitos tóxicos. Assim,
camundongos machos C57BL/6 foram expostos a FB1 (8 mg/kg i.p.) ou veículo (1,6%
DMSO + 0,9% NaCl i.p.) e após 30 minutos injetados com PTZ (30 mg/kg i.p.) ou veículo
(0,9% NaCl i.p.). Após 15 minutos de observação, os camundongos foram eutanasiados e o
córtex cerebral e o hipocampo foram coletados para a análise das enzimas Na+, K+-ATPase e
o potencial de membrana mitocondrial e as atividades dos complexos I e II mitocondriais. A
FB1 reduziu a latência para mioclonias e aumentou o número de mioclonias. Da mesma
forma, a atividade total e da subunidade �1 da Na+, K+-ATPase foi aumentada no córtex
cerebral de animais tratados com FB1, mas no hipocampo foi reduzida. A FB1 elevou o
potencial de membrana mitocondrial no córtex cerebral, porém a atividade dos complexos I e
II da cadeia respiratória não foram alteradas em ambas estruturas com este tratamento. O PTZ
foi capaz de aumentar a subunidade �2/�3 da Na+, K+-ATPase no hipocampo. Assim,
mostramos que a FB1 induz a neurotoxidade, pois esta micotoxina facilitou as convulsões
induzidas por PTZ, alterou o potencial de membrana mitocondrial e a atividade da enzima
Na+, K+-ATPase, que possivelmente estão mediando o mecanismo da toxicidade.