Identidade pessoal em Paul Ricoeur
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo promover a reconstrução do argumento de Ricoeur em torno da identidade pessoal. Partiu-se da noção primitiva de pessoa enquanto a entidade que se adscreve os predicados físicos que a pessoa tem em comum com os corpos e os predicados psíquicos que a distinguem dos corpos. No entanto, a pessoa ainda é aquilo do que falamos, ele/ela . Ela não se designa a si mesma. Então é preciso recorrer à pragmática da linguagem a fim de que a pessoa possa dizer a simesma, quando ela diz eu e tenha como interlocutor o tu , segunda pessoa do discurso. Porém a questão não está resolvida, porque a cada vez que o pronome pessoal eu é empregado ele designa uma única pessoa, mas ele pode designar também a qualquer pessoa que diga eu . Como expressar uma e única pessoa, quando se diz eu ? Ou: Como dizer a si mesmo ao invés de dizer eu
digo que , um ato de discurso? A resposta dada por Ricoeur é que a pessoa que diz a si mesma, autor da enunciação, e a pessoa objeto da identificação pela referência identificante são a mesma, em razão do triplo ato de inscrição que é realizado pela nomeação da pessoa no registro público. Após essas considerações, coloca-se a questão acerca do problema da identidade pessoal. Por um lado, a identidade exibe-se no código genético, na permanência no tempo de um sistema combinatório que apresenta mudanças, mas sem perder a organização. Isto é chamado de identidadeidem
ou mesmidade. Por outro lado, pergunta-se por quem sou eu? Como expressar a identidade do indivíduo no tempo que não se reduza à mesmidade? Portanto, responder a questão quem é dizer quem é o agente, o autor da ação .
Assim o agente a pessoa que age é a quem nós atestamos a ação, isto é, a adscrição da ação. De outro modo, a ação é a possessão daquele que a faz. Por
conseguinte, para Ricoeur, dizer quem é o autor da ação é contar a história de uma vida. Ao fim disto, a identidade-ipse ou a identidade de si mesmo a ipseidade é sua identidade narrativa. Mas não se trata de impor uma historia de fora , mas se trata de compor uma história de uma vida pela atividade de configuração narrativa.