Má-fé e psicanálise existencial em Sartre
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2012-03-23Metadatos
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A presente dissertação tem como objetivo geral reconstruir e discutir as noções de má-fé e
psicanálise existencial na ontologia fenomenológica de Jean-Paul Sartre, apresentada em
seu O Ser e o Nada (1943). As duas noções surgem na esteira da descrição ontológica e
fenomenológica da realidade humana empreendida pelo filósofo francês, na qual ele define
a realidade humana como sendo fundamentalmente constituída de liberdade ontológica, isto
é, falta de identidade. Ao invés de ser, o humano se caracteriza por seu fazer, e esta é sua
característica mais fundamental. Definida como movimento, a condição humana dirige-se
justamente a realização da identidade que, como uma miragem no horizonte, é
ontologicamente proibida e, portanto, inalcançável. Essa tendência à realização de uma
identidade impossível somada à definição do próprio ser como um fazer engendra, no seio
de uma realidade humana individual, a experiência da angústia. E essa angústia motiva a
má-fé, fenômeno triplo de mentira, crença e conduta. Uma falsificação da realidade
humana constituída por simultânea corrupção do crer e comprometimento da conduta.
Através da má-fé o indivíduo humano engana-se e instaura uma realidade individual de
desculpas e pretextos no intento de elidir a angústia de seu horizonte de experiências. No
processo, perde-se o acesso autêntico à realidade humana, mergulhando no erro todo o
pensar e o viver. Com o interesse de depurar a realidade humana dessa atmosfera de erro e
mentira, Sartre elabora um método que chama de psicanálise existencial. Com um proceder
semelhante ao da psicanálise tradicional, a psicanálise existencial opera em conjunto com a
ontologia fenomenológica e oferece uma imagem autêntica de uma pessoa humana, para
além da compreensão de má-fé. A assunção autêntica da liberdade, porém, é da jurisdição
da responsabilidade individual.
Palavras-chave: Má-Fé, Psicanálise Existencial, Liberdade, Autenticidade.