O problema da fonte da inteligibilidade na ontologia hermenêutica de Martin Heidegger
Resumo
O tema central da ontologia fundamental de Martin Heidegger é a questão do sentido do ser. Numa primeira aproximação, pode-se dizer que objetivo de Heidegger em Ser e tempo é elucidar os modos de ser que regulam como entes recebem suas determinações. A fim de abordar de modo adequado a questão, Heidegger desenvolve em Ser e tempo uma fenomenologia da existência humana como ser-no-mundo. De acordo com descrição da cotidianidade, os entes ganham identidade e significação no interior do mundo, entendido como o espaço de significatividade sustentado previamente pela compreensão. A recepção anglo-americana da ontologia fundamental levantou o problema das fontes de inteligibilidade do mundo do existente humano. Trata-se do problema de identificar as estruturas transcendentais responsáveis pela constituição do espaço de sentido. Charles Guignon sustenta que a linguagem é a fonte da inteligibilidade na ontologia hermenêutica de Heidegger. Entretanto, Dreyfus sustenta que é o impessoal (das Man) que cumpre esse papel. Rejeitando ambas as leituras, Weberman e Keller argumentam que Heidegger encontra na temporalidade da existência humana a fonte da inteligibilidade. Da perspectiva desses autores, Guignon e Dreyfus fracassam porque exibem condições necessárias, mas não suficientes para a inteligibilidade. O objetivo da presente dissertação é reconstruir esse debate sobre as fontes da inteligibilidade na ontologia hermenêutica de Heidegger.