Liberdade e reconhecimento: uma interpretação da vida e da morte a partir da Fenomenologia do Espírito de Hegel
Resumo
A presente dissertação tem por escopo, ao partir da teoria do reconhecimento de Hegel (2008) mais especificamente, da obra: Fenomenologia do Espírito responder a três questões, que, embora diversas, não deixam de se entrelaçar. Uma dessas questões foi retirada da referida obra que assim se apresenta: quando são banidos todos os preconceitos, [crenças sensíveis] e superstições, então, surge a pergunta: e agora, que resta? . A segunda indagação refere-se ao modo, ou seja, como ou através de que, os sujeitos conseguem banir de sua vida as crenças e preconceitos sensíveis? A terceira questão apresenta-se da seguinte maneira: tomando por base a resposta concedida à segunda indagação, é possível alcançar o reconhecimento entre os sujeitos? Sendo assim, para responder às referidas indagações, parte-se dos conceitos de vida e morte, bem como apresenta-se e mostra-se, ao longo da dissertação, conceitos derivados do que é possível compreender por vida e por morte. Desse modo, propõem-se os seguintes conceitos: vida morta e vida viva, como também morte transformadora. A vida morta representa a negação da morte e da liberdade, bem como a aceitação pacífica de crenças e preconceitos sem questioná-los, o apego a algo dado e estático, evitando o reconhecimento do outro. A vida viva é, portanto, o questionamento do dado, a formação de uma crença que é capaz de acolher, reconhecer o outro. Já morte transformadora compreende-se como um movimento, uma transformação pela qual os sujeitos necessitam passar para poder suprassumir seu ser dado estático (sua crença e preconceito sensível), conservá-lo suprassumido e elevarem-se para uma vida viva e livre. Desse modo, para os sujeitos tornarem-se seres livres, devem afastarem de si sua crença e preconceito sensível, que é algo estático e dado, através do ato de viver sua própria morte que é realizado pelo acatamento da morte transformadora em seu interior, pois somente assim, é possível os sujeitos reconhecerem um ao outro, bem como se reconhecerem neste outro.