A distribuição e cinemática do gás em Mrk 766 vistas em detalhes a partir de observações no infravermelho
Resumo
Mapeamos as distribuições de fluxos de linhas de emissão e suas razões bem como a cinemática do gás nos 450 pc centrais da galáxia Seyfert Mrk 766 usando espectroscopia de campo
integral (IFS) na região do infravermelho próximo nas bandas J e Kl obtidas com o instrumento NIFS do telestcópio Gemini-Norte com uma resolução espacial de ≈ 60 pc e resolução espectral de ≈ 40 km s−1. As distribuições de fluxos das linhas de emissão de Paβ e Brγ se estendem até ≈ 300 pc do núcleo em todas as direções, enquanto a emissão do [Fe II] se estende até uma distância similar, porém, mais concentrada ao longo do PA≈ 130º. As linhas coronais traçadas pelo [S IX] são resolvidas, apresentando emissão até ≈ 150 pc do núcleo. A emissão do H2 molecular é estendida também a ≈ 300 pc do núcleo, mas, ao longo do PA ≈ 50º, aproximadamente perpendicular
a orientação da emissão do [Fe II]. O gás H2 tem uma temperatura de excitação Texc = 2360 ±45 K e sua emissão é dominada por processos térmicos, principalmente devido a aquecimento do gás por raios-X provenientes do núcleo ativo. A emissão do [Fe II] também parece ser produzida por esses processos térmicos, mas com uma importante contribuição dos choques, assim como evidenciado pela razão [Fe II]/[P II] e por aumentos na dispersão de velocidades associados com o
jato rádio. e a estrutura rádio.
O campo de velocidades do gás é dominado por rotação, e o ajuste de um modelo de órbitas circulares no plano da galáxia nos dá um ângulo de posição de 59º para a linha dos nodos,
o que parece ser aproximadamente a orientação da elongação da emissão do H2. Este fato, combinado com a baixa dispersão de velocidades do H2 é consistente com emissão de gás localizado
no plano da galáxia e sua associação com a alimentação do buraco negro supermassivo. Há aproximadamente 103 M⊙ de H2 quente, implicando em ≈ 109 M⊙ de gás molecular frio no
interior dos 450 pc centrais. Por outro lado, a maior dispersão de velocidades para o [Fe II] (150 km s−1) a sudeste do núcleo, e a presença tanto de blueshifts quanto redshifts nos mapas de fluxo
para diferentes velocidades nas correspondentes localizações, apoiam a presença de um outflow a sudeste, orientado próximo ao plano do céu. A taxa de outflow de gás ionizado é estimada em
2.18 M⊙ ano−1 e sua potência em 0.011 Lbol. As distintas distribuições de fluxo e cinemática do H2 e do [Fe II], com o primeiro mais restrito ao plano da galáxia e em rotação e o segundo relacionado com o jato rádio e em outflow são
características comuns de 8 galáxias Seyferts (ESO 428-G14, NGC4051, NGC 7582, NGC 4151, Mrk 1066, Mrk 1157, Mrk 79 e Mrk 766) que foram estudadas por nosso grupo até agora, usando
IFS e 2 outras (Circinus e NGC 2110) usando esoectroscopia de fenda longa. Estes resultados apoiam a conclusão de que a emissão do H2 é um traçador da alimentação do núcleo ativo, enquanto o [Fe II] é um traçador de seu feedback.