Saber e identidade dos agricultores familiares camponeses da Costa do Bica e Paredão, Piratini, RS
Fecha
2011-09-26Metadatos
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A presente pesquisa procura analisar a forma de vida camponesa e como se
da a reprodução social dos agricultores familiares camponeses das localidades
Costa do Bica e Paredão , localizadas no município de Piratini, RS, e inseridas no
denominado Território do Alto Camaquã . O desenvolvimento da pesquisa está
apoiado no método fenomenológico, com uso da história de vida e da observação da
paisagem, uma vez que, o presente trabalho está focado na essência do ser, na
experiência de vida dos camponeses e de como estes percebem o seu lugar. Os
sujeitos em questão são resultado da miscigenação entre indígenas (tupis-guaranis
e tapes), açorianos, africanos (ex- escravos), sobre uma área que secularmente foi
uma zona fronteiriça em litígio e um território onde predomina o poder do latifúndio
pastoril em confronto com a agricultura camponesa. Esta está presente na disputa
por este território que abrange o Bioma Pampa e reproduz práticas que permitem a
coexistência do homem com a natureza garantindo a preservação das
características socioambientais. Entre os resultados obtidos percebe-se que neste
território uma nova transformação espacial está em curso com a implantação da
silvicultura, que vem modificando a paisagem rural com predomínio da pecuária
familiar em extensas lavouras de monocultura de árvores exóticas. Essa pressão
pode ser percebida na redução dos rebanhos ovinos e caprinos, e da agricultura,
que vem perdendo importância inclusive para o autoconsumo, gerando a
invisibilidade destes camponeses perante o estado e a sociedade. Pode-se
constatar que apesar da pressão externa produzida pela territorialização do capital
nas comunidades estudadas, os camponeses muitas vezes negam seus saberes
tradicionais, porém observou-se que estes continuam latentes em suas memórias,
forma de vida e práticas cotidianas. Ante tudo, os agricultores familiares
camponeses da Costa do Bica e Paredão, apesar das adversidades, seguem
resistindo por sentirem-se parte daquele lugar.