As vivências dos agricultores familiares camponeses em transição agroecológica no município de Agudo, RS
Abstract
O presente estudo tem como temática central as vivências dos agricultores
familiares camponeses, em processo de transição da agricultura convencional para
a de base ecológica, no município de Agudo, localizado na região central do estado
do Rio Grande do Sul. Partindo da dicotomia entre a agricultura moderna e a
agricultura de base ecológica, a presente pesquisa pretende compreender como se
dão as vivências dos agricultores em transição agroecológica no município de
Agudo. Para sanar esta inquietação, se propõem em âmbito geral, compreender
como os agricultores em questão decidiram pela agricultura ecológica. Mais
especificamente, a pesquisa pretende conhecer as estratégias agroecológicas nas
unidades de produção familiar em questão; caracterizar o viver e o produzir dos
agricultores em transição agroecológica e compreender como os agricultores se
reproduzem no âmbito social. Em termos metodológicos, trata-se de uma
investigação qualitativa, na qual faz uso de ferramentas como a observação
sistemática, a entrevista semiestruturada e o caderno de campo. Cabe destacar que
a transição da agricultura convencional para a agricultura ecológica ou transição
agroecológica é uma construção social importante, que surge da compreensão das
limitações e dos riscos existentes no atual modelo agrícola hegemônico. Tal
transição cria alternativas que apoiam o processo de transformação da agricultura,
com enfoque sustentável. A transição agroecológica no município, ocorre entre
famílias que, em geral, estiveram relacionadas ao cultivo do fumo. Sendo estas
famílias, as que possuem maior interesse em ascender na busca pela produção
agrícola de base ecológica. A penosidade do trabalho com o cultivo do fumo trouxe
consequências danosas para muitas famílias, como o endividamento da unidade de
produção agrícola familiar e patologias relacionadas ao contato com os agrotóxicos,
que foram citados pelas famílias durante o trabalho de campo. As famílias em
questão estão dando o primeiro passo em direção a um processo de transição para
um modelo de base ecológica, que busca a sustentabilidade do meio ambiente e
também das famílias que vivem no meio rural. Para tanto, é preciso que estas
famílias sejam amparadas com o apoio da comunidade e de instituições
governamentais para que possam a qualificar e ampliar o seu trabalho.