Política econômica e distribuição da renda: uma análise comparativa entre Brasil e Chile
Abstract
O desenvolvimento do capitalismo, no Brasil e no Chile, foi profundamente marcado pelo processo de concentração da renda e da riqueza. Com a evolução desse sistema social
foram surgindo diversas teorias, visando explicar as origens e causas desse fenômeno. Entre essas teorias a marxista e a estruturalista apresentam argumentações mais adequadas para compreender a formação econômica e social desses países, bem como a atual situação distributiva. O objetivo da pesquisa é discorrer sobre os principais impactos das políticas econômicas sobre a distribuição da renda em ambos os países. Busca-se por intermédio de uma revisão bibliográfica e análise estatística dos principais indicadores econômicos e sociais compreender esse processo, desde os respectivos regimes militares. No Brasil, de 1960 a 1990, observou-se uma constante elevação na concentração de renda e, a partir de 1990, com a adoção de políticas neoliberais, esse quadro não se alterou. Assim sendo, verificou-se que, tanto em períodos de auge no crescimento econômico quanto em períodos de recessão econômica, o fenômeno da concentração de renda esteve sempre presente na sociedade brasileira. A experiência chilena é um pouco diferente, pois esse país, entre 1970/1973, vivenciou um período de grandes transformações sociais, com melhoras significativas na distribuição da renda. Este processo foi efêmero, visto que em 1973 ocorreu o golpe militar. O referido regime estendeu-se até 1989, provocando
significativas alterações na estrutura econômica e social do país, do qual intensificou o processo de concentração da renda. A partir de 1990 o Chile adotou novamente a
democracia. Assim, as autoridades governamentais voltaram a preocupar-se com as questões sociais. Entretanto, a estrutura da distribuição da renda não apresentou alterações. Igualmente, constatou-se que as políticas econômicas implementadas tiveram forte influência na distribuição da renda, em especial as ortodoxas e neoliberais, que agravaram ainda mais a situação distributiva.