A Revolução Federalista (1893-1895): o contexto platino, as redes, os discursos e os projetos políticos liberal-federalistas
Abstract
As mudanças que estão em processo no mundo atual, globalização, formação de comunidades internacionais de Estados, como a União Européia, o Mercosul, geraram
nas últimas décadas importantes mudanças no conhecimento. Diversos cientistas sociais, de diversas disciplinas, têm procurado rever seus conceitos, visando a compreender esta nova realidade. Pensar o processo atual de integração ou os projetos integracionistas em voga na América Latina exige um novo olhar sobre a história do continente. É fundamental repensar a questão em torno de formação dos Estadosnacionais, do federalismo, das revoluções, enfim, repensar a história política da Região Platina. Por conseguinte, os objetivos do trabalho foram compreender os fundamentos
que embasaram o discurso da elite liberal-federalista que comandou a Revolução de 1893-1895; o contexto histórico-político platino no final do século XIX, principalmente na
Argentina, no Uruguai e no Rio Grande do Sul; as redes formadas pelos grupos de oposição da Argentina (Radicais), do Uruguai (Blancos) e do Rio Grande do Sul (liberais-federalistas); o discurso e o projeto político construído pelos liberaisfederalistas do Rio Grande do Sul, liderados por Gaspar Silveira Martins. Baseamos o trabalho principalmente em levantamentos bibliográficos e documentos reproduzidos,
cujo o fundamento teórico transita pela História Política, pela História Cultural, acrescido de um diálogo interdisciplinar. Os liberais-federalistas embasaram seu discurso nas concepções presentes nos autores ligados ao Direito Natural e das Gentes e no Iluminismo-liberalismo, apropriadas através da educação formal em escolas e universidades, e também informal, na leitura de jornais partidários, reuniões partidárias ou em sociedades secretas, a exemplo da maçonaria. Os grupos políticos de oposição do RS, do Uruguai e da Argentina, viviam realidades muito semelhantes e seus projetos também se aproximavam em muitos pontos: estavam excluídos das administrações, reivindicavam a autonomia das coletividades menores , os estados (RS), as províncias
(Argentina) e os departamentos (Uruguai), dentro do Estado federal, tinham como bandeira o federalismo. Esses grupos formaram, no período de 1893-1895, redes de solidariedade, com o objetivo de se fortalecerem mutuamente. Os liberais-federalistas construíram um discurso em que reafirmaram sua identidade política, justificaram a revolução e construíram um novo projeto de Estado, articulado com os blancos uruguaios e radicais argentinos com o propósito de cogitar a separação do RS da federação brasileira e a constituição de uma nova República federativa no extremo sul da América.