Estratégias de aprendizagem na aula de língua estrangeira: um estudo com formandos em Letras
Resumo
A aprendizagem de uma língua estrangeira (doravante LE), quando tem como objetivo o desenvolvimento da habilidade de comunicação, tem um papel fundamental como facilitador no processo de construção de conhecimento. Com base nessa suposição, pesquisas em Lingüística Aplicada têm investigado o
processo de aprendizagem de LE. Dentre os recursos que contribuem para essa aprendizagem, a literatura da área identifica uma taxonomia de estratégias de aprendizagem (doravante EA) - um conjunto de planejamentos que possibilitem ao aluno desenvolver ações, elaborar atitudes, tomar decisões relativas ao sucesso da aprendizagem em termos de cognição, metacognição, compensação, afetividade e interação social (Oxford, 1990; Figliolini, 2004). Essas EA podem ser utilizadas pelo aluno ou ensinadas a ele de maneira mais ou menos consciente, dependendo da abordagem pedagógica. Neste trabalho, busca-se investigar o uso de EA nos dois últimos semestres de um curso de Letras com licenciatura em inglês/português e suas respectivas literaturas. Sendo assim, os objetivos desta pesquisa são: a)
identificar as EA implementadas pelos alunos em determinados momentos do processo comunicativo ao realizarem as diferentes atividades propostas em sala de aula; b) identificar quais dessas EA são mais recorrentes no contexto estudado; c) identificar quais delas parecem ser mais produtivas para o desenvolvimento da competência comunicativa ou para a realização das atividades propostas; e d) analisar as possíveis relações entre a atuação do professor, a interação com os
colegas e a implementação dessas EA. Para tanto, inicialmente, foram filmadas doze aulas de cada semestre observado. Em seguida, foram selecionadas as seis aulas
que pareciam mais ilustrativas. Posteriormente, essas aulas foram assistidas algumas vezes e os momentos nos quais foi identificado o uso de EA foram transcritos. Depois da revisão da transcrição, todas as EA identificadas foram tabuladas. Por último, foi avaliada a produtividade das EA implementadas pelos alunos em termos comunicativos e de adequação gramatical. Simultaneamente, foram analisadas as possíveis relações entre o contexto de aprendizagem e a produtividade da utilização dessas EA. Os resultados indicam que, apesar de
utilizarem um número razoável de EA, os alunos nem sempre estão atentos à adequação e à produtividade delas. Nesse sentido, parece interessante que o foco do professor não esteja apenas no conteúdo ensinado, mas também na forma com que os alunos respondem à sua proposta pedagógica e encaram a aprendizagem. Nesse sentido, o professor deve ajudar os alunos a desenvolverem sua metaconsciência e a se tornar co-responsáveis pela sua aprendizagem. Assim, eles
poderão desenvolver a habilidade de selecionar, implementar e avaliar as EA mais apropriadas para suas necessidades e, consequentemente, otimizar o desenvolvimento de sua competência comunicativa em LE.