A "autoficção" narrativa: impasses e ambiguidades literários. A propósito de Chove sobre minha infância, de Miguel Sanches Neto
Resumo
Neste trabalho propomos, fundamentalmente, uma revisão teórico-crítica a respeito do gênero autoficção e uma abordagem da obra Chove sobre minha infância, 2000, do escritor paranaense Miguel Sanches Neto, focada na presença e função dos elementos imagéticos que estão incorporados ao discurso literário. O texto narrativo mencionado movimenta-se por dois gêneros literários diferentes: o romance e a autobiografia. Esses registros discursivos convergem para um gênero relativamente novo dentro da produção literária, o que o torna, então, um objeto que chama atenção cada vez mais no fazer dos estudos literários. Em virtude de sua heterogeneidade discursiva, a narrativa coloca-nos frente a uma série de impasses e problemas teóricos. A fim de melhor esclarecê-los, em um primeiro momento, apresentamos
em uma contextualização as principais teorizações e discussões a respeito tanto das autobiografias, quanto das autoficções. No segundo momento de nosso trabalho, destacamos a função do elemento fotográfico como contribuição compositiva de um discurso verbal, bem
como os problemas decorrentes da integração de signos não-linguísticos ao texto ficcional.