“GM crops may be harmful to the environment”: graus de autoridade e assertividade em notícias de popularização da ciência
Abstract
Uma das principais características do gênero notícia de popularização da ciência (PC) é a inserção de vozes de atores sociais, ocupando diferentes posições enunciativas (BEACCO et al, 2002), tais como técnicos, cientistas, oficiais do governo, etc., que interpretam e avaliam as pesquisas reportadas (MOTTA-ROTH et al, 2008; MARCUZZO, 2009, 2010; MOTTA-ROTH; MARCUZZO, 2010). Na discussão sobre a validade e relevância das pesquisas, as escolhas lingüísticas (em termos de Modalidade) apontam os diferentes graus de autoridade e assertividade dos atores sociais representados nos textos. O objetivo do presente estudo é investigar como diferentes graus de autoridade e assertividade são manifestados linguisticamente no gênero notícia de PC, de forma a apresentar resultados parciais de um projeto de pesquisa mais amplo sobre o discurso de PC (MOTTA-ROTH, 2007). O corpus compreende 30 notícias de PC coletadas dos sites BBC News International e Scientific American. Três procedimentos foram adotados na pesquisa: a) identificação dos expoentes lingüísticos no gênero; b) análise quali-quantitativa dos expoentes identificados com base em categorias da Gramática Sistêmico-Funcional (HALLIDAY 1994, 2004) e; c) interpretação dos expoentes lingüísticos, considerando resultados prévios da análise do texto e contexto da PC. O aporte teórico utilizado no estudo é a Análise Crítica de Gêneros (BHATIA, 2010), que combina uma teoria de gênero (SWALES, 1990) e discurso (FAIRCLOUGH, 1992) com uma perspectiva sistêmico-funcional da linguagem (HALLIDAY, 1978). Os resultados confirmam a posição de insegurança discursiva do jornalista na PC (MOIRAND, 2003), que utiliza diferentes estratégias discursivas de modalidade de forma a manter a aparente objetividade do discurso jornalístico e a credibilidade dos estudos reportados. Além disso, os dados demonstram que, apesar da modalidade categórica no título das notícias, os enunciados apresentam um baixo grau de comprometimento modal, possibilitando a expansão dialógica (MARTIN; WHITE, 2005), com a inclusão de posicionamentos alternativos nos debates. Em termos de graus de assertividade e autoridade, a análise indica que o discurso da ciência na mídia é uma autoridade epistêmica, em vista do papel privilegiado do pesquisador-autor na avaliação dos estudos reportados e, ao mesmo tempo, um campo da incerteza, cabendo aos pesquisadores oferecerem explicações coerentes e apontarem limitações dos estudos dentro de uma área de pesquisa.