Engajamento e efeito de monologismo no gênero notícia de popularização científica
Fecha
2013-03-07Metadatos
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A popularização da ciência (PC) envolve um processo complexo de recontextualização do conhecimento científico na mídia de massa. Esse processo é materializado em gêneros discursivos a partir dos quais o jornalista mediador apropria-se de e reelabora o conhecimento produzido por especialistas para uma audiência não especializada (MOTTA-ROTH, 2009), fazendo uso de estratégias intertextuais. Um desses gêneros de PC investigado no projeto guarda-chuva Análise crítica de gêneros discursivos em práticas sociais de popularização da ciência (MOTTA-ROTH, 2010a), desenvolvido no Laboratório de Pesquisa e Ensino de Leitura e Redação (LABLER), sob coordenação da Profa. Dra. Désirée Motta Roth, é a notícia de PC. Os resultados de análises desse gênero, relacionadas ao projeto guarda-chuva, têm apontado para um predomínio da voz do pesquisador como voz da ciência (MARCUZZO, 2011) e, como consequência, um efeito de monologismo (MOTTA-ROTH; LOVATO, 2011, com base em MOIRAND, 2003), que resulta de e reforça o poder hegemônico do discurso da ciência. Partindo desses resultados obtidos sob a ótica da Análise Crítica de Gênero (MEURER, 2002; BHATIA, 2004; MOTTA-ROTH, 2005; 2008), o objetivo deste estudo é investigar os expoentes linguísticos de engajamento que evidenciam o jogo entre expansão e contração dialógica em 45 notícias de PC em inglês. Portanto, o presente estudo possui dois focos de análise: o texto e o contexto. A análise do contexto envolve: a) investigação do processo de PC; e b) investigação dos sites das publicações em termos das variáveis campo, relações e modo. A análise textual envolve: a) identificação de citação e relato b) identificação e interpretação dos expoentes linguísticos do engajamento (reconhecimento, distanciamento e endosso) nos textos do corpus e c) relação entre os dados da análise textual e da análise do contexto. Os resultados corroboram o efeito de monologismo identificado por Motta-Roth e Lovato (2011) ao indicarem que, apesar da maior recorrência dos recursos de expansão dialógica (principalmente de reconhecimento), o jornalista não promove a coexistência nem o debate de pontos de vista diferentes do do pesquisador. Esses resultados sugerem que, além de demarcar sua posição como mediador da informação, o jornalista autor da notícia contrai o discurso ao enfatizar a voz do especialista e restringir a participação de outros setores da sociedade nos comentários sobre a pesquisa popularizada (MARCUZZO, 2011), reforçando, assim, o poder hegemônico da ciência na sociedade.