O Estadão e a Presidente: o editorial como estratégia de avaliação
Abstract
Em nosso cotidiano, comumente avaliamos, positiva ou negativamente, os objetos, os eventos e os indivíduos e seus comportamentos. Há, pois, recursos linguísticos que utilizamos nessas avaliações e que são categorizados por uma abordagem que tem origem na Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY; HASAN 1989; HALLIDAY, 1994; HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), denominada Sistema de Avaliatividade (MARTIN; WHITE, 2005), que embasa teoricamente este estudo, e, por conta disso, os conceitos são aqui abordados. Esse Sistema elabora uma taxonomia que objetiva dar conta dos valores individuais e coletivos compartilhados em um grupo social. A Valoração, como foi inicialmente conhecida, abrange três subsistemas: atitude, engajamento e gradação. A atitude envolve o afeto, o julgamento e a apreciação; o engajamento pode ser monoglóssico ou heteroglóssico; a gradação compreende a força e o foco. Este estudo está voltado a uma das categorias da atitude: o julgamento. Essa categoria é responsável por avaliar o comportamento das pessoas, levando em consideração valores de estima social (capacidade, tenacidade e normalidade) e de sanção social (propriedade e veracidade). Neste estudo, abordamos também questões relativas à mídia, aos gêneros do discurso, com ênfase nos gêneros do jornal, especialmente no editorial, já que buscamos, com esta pesquisa, analisar como os recursos linguísticos são empregados em editoriais, no que se refere à expressão de julgamento em relação ao desempenho da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Esses editoriais foram publicados no portal de notícias de um renomado jornal brasileiro, O Estado de S. Paulo, entre os meses de abril e julho de 2012, sendo o corpus constituído de treze textos. A pesquisa que aqui desenvolvemos é qualiquantitativa, e as análises têm cunho textual e semântico-interpretativo. Os resultados apontam para o predomínio de julgamentos negativos em relação ao desempenho da Presidente Dilma Rousseff, prevalecendo avaliações de estima social, sobretudo de capacidade. As avaliações são, predominantemente, explícitas e sugerem a interpretação de que a Presidente não está preparada para administrar o Brasil.