Falantes de português uruguaio aprendendo português brasileiro: análise de necessidades de agentes penitenciários uruguaios
Fecha
2015-02-26Metadatos
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A Abordagem Instrumental de ensino de línguas é a base teórica utilizada pelo Centro de
Ensino e Pesquisa de Línguas Estrangeiras Instrumentais (CEPESLI) na elaboração e execução dos
cursos relacionados aos projetos do Ministério das Relações Exteriores do Brasil para a capacitação
em português como língua estrangeira instrumental de agentes do governo uruguaio. O projeto que se
desenvolve atualmente diz respeito à capacitação de agentes penitenciários, com o intuito de lhes
proporcionar conhecimento instrumental de português para interagir em português com brasileiros
residentes ou de passagem pelo Uruguai. Nesse contexto, tendo em vista o fato de que grande parte
dos agentes penitenciários fronteiriços é falante de uma variedade de português, o português uruguaio
(PU), consideramos relevante investigar mais a fundo suas necessidades de aprendizagem do
português utilizado no Brasil (PB). Assim, este trabalho teve como objetivo apresentar uma Análise de
Necessidades para o ensino/aprendizagem de PB a falantes de PU. Para tanto, inicialmente
procedemos ao estudo das características da fronteira Uruguai-Brasil e do português uruguaio em seus
aspectos histórico, linguístico, social e político (CARVALHO, 2003a, 2003b, 2007, 2008, 2010;
MILÁN, SAWARIS e WELTER, 1996; e STURZA, 2005, 2006, 2014; etc.). Também buscamos
como referência teórica os pressupostos da abordagem instrumental, seu histórico, suas características
gerais e seu vínculo com o ensino de português como língua estrangeira para o público em geral e para
falantes de PU (HUTCHINSON e WATERS, 1987; e DUDLEY-EVANS e ST. JOHN, 1998; etc.).
Com relação à metodologia, utilizamos o estudo de crenças (BARCELOS, 1995, 2000, 2001, 2004,
2006, 2007; PAJARES, 1992, etc. ) para levantar as crenças de falantes de PU sobre o uso e a
aprendizagem de português; e a Análise de Erros (CORDER, 1967, 1971; SANTOS GARGALLO,
2004; etc.) para analisar a produção linguística em português de agentes penitenciários uruguaios,
falantes de PU, em contraste com o PB. Os sujeitos participantes desse estudo foram quatro agentes
penitenciários uruguaios, homens, funcionários da penitenciária Cerro Carancho, localizada na cidade
de Rivera-ROU. Os resultados indicaram que os sujeitos precisam aprender a variedade brasileira do
português (PB) com fins específicos para se comunicar com brasileiros que se encontram em situação
de privação de liberdade nas penitenciárias uruguaias; evidenciou também que os sujeitos acreditam
que precisam aprender a escrever em português; corrigir alguns aspectos da fala; e aprender
( melhorar ) português para usar com brasileiros que não são da fronteira. Por último, as análises
evidenciaram que os sujeitos necessitam aprimorar seus conhecimentos sobre a origem de sua língua
materna; sobre as variedades do português e alguns problemas linguísticos e sociolinguísticos
relacionados ao uso de formas estigmatizantes e erros de pertinência e/ou discursivos.