"Amante de selvagem rebelião": a figuração satânica nas profecias continentais de William Blake
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2015-12-16Metadatos
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Neste estudo, analiso o desenvolvimento temático da figura satânica na obra de William Blake, a personagem Orc. Para tal, trabalho com os poemas iluminados denominados de ―Continental Prophecies‖, compostos pelas obras America A Prophecy (1793), Europe A Prophecy (1794) e The Song of Los (1795), este dividido em duas partes, ―Africa‖ e ―Asia‖. Nessas obras, Blake articula temas como apocalipse, energia, imaginação e revolução em relação à Revolução Francesa e à Americana e tece críticas ao pensamento político, religioso e artístico do período. Este trabalho apresenta quatro capítulos. No primeiro, discuto os problemas acerca do tema do Diabo, desde o medievo até o Romantismo, partindo de uma abordagem mítico-religiosa para então abordar o demônio como mito literário. No segundo, apresento uma discussão sobre a caracterização da personagem Orc e sua relação com seu opositor, Urizen. Construo também uma análise do poema America, centrada em questões sobre desejo, revolução e liberdade. No terceiro, trato de Europe e prossigo com o mapeamento da temática satânica nas profecias de Blake. Abordo também a questão da repressão do desejo, representada pela personagem Enitharmon, e as subversões empreendidas por Blake acerca de dogmas religiosos. No quarto, abordo The Song of Los e discorro sobre a mitologia blakeana, seu ideal de satanismo, além de confrontar vieses críticos de leitura e interpretação da obra de Blake. Minha discussão é desenvolvida em um constante diálogo entre três instâncias: religiosa, social e artística. Tal concepção é abordada por Peter Schock (2003), tratada como ―Matriz Cultural‖. Este estudo explora como a arte de Blake dialoga com as revoluções do século XVIII, discute suas influências religiosas, políticas e artísticas, além de oferecer uma concepção acerca do ideal satânico de Blake em suas profecias. A personagem Orc, nesses poemas, apresenta um amálgama do pensamento artístico, religioso e social do artista, uma instância de confronto através da qual Blake concebeu ideais metafísicos, como a filosofia dos contrários ou o deleite dos sentidos. Através do desenvolvimento do tema do diabo, o artista tenta significar pensamentos conflitantes, como pecado e deleite sensual, céu e inferno, corpo e alma, subvertendo tais questões a partir de um ideal infernal.