Prevalência de alterações ósseas no tarso de potros crioulos de até vinte e seis meses de idade
Resumo
O comércio do cavalo Crioulo tem crescido de forma exponencial nos últimos anos, este cenário de valorização dos animais desta raça induz os proprietários e criadores a interferirem profundamente no manejo, principalmente nutricional, destes animais, decorrente da participação de potros e animais adultos em exposições e competições morfológicas. A interferência no manejo dos animais não levando em conta os aspectos individuais do desenvolvimento, sem controle exato da alimentação fornecida e do nível de exercício exigido predispõem os animais ao complexo de doenças conhecido como doenças ortopédicas do desenvolvimento. Foram examinados radiograficamente os tarsos de 77 animais (31 fêmeas e 46 machos), com nove até 26 meses de idade, participantes ou não de exposições ou competições morfológicas. Os animais foram divididos em grupos por idade, um incluindo potros de nove a 18 meses (G1) (34/77) e outro com animais de 19 a 26 meses (G2) (43/77), e pelo tempo de preparo para exposição morfológica em grupo controle (GC) (29/77) (sem preparo para exposição) e grupo incentivo (GI) (48/77), com preparo médio de 4,55 meses. Os dados foram coletados em 24 propriedades de criação ou centros de treinamento/preparo, para determinar a prevalência de alterações osteoarticulares. Observou-se que 77,22% (61/77) apresentaram alguma lesão radiograficamente visível. A prevalência de lesões articulares foi de 80,44% nos machos, 77,42% nas fêmeas, 77,31% nos animais do GC, 79,17% dos animais do GI, 86,67% nos animais do G1 e 76,75% nos animais do G2. O peso médio aos 10 a 12 meses de idade foi de 293,25kg, representando 71,28% do peso adulto e dos animais com idade de 19 a 26 meses o peso médio foi de 360,5kg (87,62% do peso adulto), nos animais do GC o peso médio foi de 288,9kg (70,22% do peso adulto) e os animais do GI apresentaram peso médio de 341,9kg (83,11% do peso adulto), mesmo a idade média dos dois últimos grupos tendo sido de 16,79 meses e 18,98 meses respectivamente. Foi constatada relação entre o aumento do peso dos animais (p= 0,02; r= 0,26), do escore corporal (p= 0,03; r= 0,23), do escore de deposição de gordura na crista do pescoço (p= 0,018; r= 0,27) e da altura (p= 0,01; r= 0,28) com as lesões radiográficas no tarso dos potros. Vários fatores podem estar envolvidos na osteoartrite társica distal, entretanto, o fator mais importante presente nas criações de cavalos Crioulos, é o sobrepeso.