Implicações do câncer infantil na dinâmica familiar
Resumo
O presente estudo objetivou conhecer as implicações do câncer infantil na dinâmica familiar. Para tanto, realizou-se um estudo clínico-qualitativo composto por três estudos de caso com famílias de crianças que haviam recebido o diagnóstico de câncer infantil e realizavam tratamento em uma cidade do sul do Brasil. Foram realizadas entrevistas semidirigidas com os progenitores e os irmãos adolescentes; com as crianças, tanto o paciente como seus irmãos menores, aplicou-se a técnica do desenho da família com estória; além disso, foram realizadas observações no hospital e nas residências das famílias. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo. Os resultados são apresentados em três artigos, de forma que cada um deles aborda um caso e enfatiza uma das relações familiares. Um deles trata sobre o relacionamento conjugal, outro sobre o parental e, por fim, um sobre o relacionamento fraterno. O artigo que reflete acerca do subsistema conjugal demonstra que a relação conjugal é afetada pela vivência da doença da filha, a qual demanda do casal adaptações e reorganização dos papéis. Há uma união entre os cônjuges, porém, ela ocorre no sentido do cuidado da criança, ao passo que os aspectos íntimos da relação ficam em segundo plano no início do tratamento. O segundo artigo, que aborda a parentalidade frente à situação de adoecimento, sugere que as atenções da família estão destinadas ao cuidado da criança neste momento. Como consequência, há uma aproximação entre os progenitores e a filha adoecida e um afastamento das outras filhas. O terceiro e último artigo, que discute a relação fraterna no contexto da enfermidade, aponta para uma relação de união e cuidado entre os irmãos para lidar com a situação e enfrentar as ausências da mãe no ambiente do lar. Considerando os resultados apresentados, pode-se dizer que, de forma geral, as famílias se unem para enfrentar o acontecimento. Tendo em vista esse contexto, conclui-se sobre a importância de estudos e ações em saúde que possam considerar a família na visão sistêmica, de forma a compreender a inter-relação entre os subsistemas familiares neste âmbito e fomentar programas de promoção de saúde que possam considerar todos os familiares e não apenas os que se envolvem diretamente com o cuidado da criança no hospital.