Caracterização da fibra de co-produtos agroindustriais e sua avaliação nutricional para coelhos em crescimento
Resumo
Dois experimentos foram realizados no Laboratório de Cunicultura do Departamento de Zootecnia, da Universidade Federal de Santa Maria, RS, onde se estudou a influência das
diferentes frações de fibra advindas de co-produtos agroindustriais (polpa de citros, casca de soja, farelo de linhaça e farelo proteinoso de milho) sobre o desempenho, coeficientes de digestibilidade, parâmetros sanguíneos e características da carne de coelhos submetidos às
dietas. As dietas foram isoprotéicas (18% PB) e isoenergéticas (3000 kcal/kg ED). Foram utilizados oito coelhos da raça Nova Zelândia Branca por tratamento, testados dos 40 aos 89 dias de idade. No primeiro experimento, os tratamentos foram: FA- ração controle, com feno de alfafa; PC- substituição total do feno de alfafa por polpa de citros e CS- substituição total do feno de alfafa por casca de soja. Os animais dos tratamentos PC e CS apresentaram desempenho, peso e rendimento de carcaça semelhantes aos animais do tratamento FA. Os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO, PB e FDN foram superiores para a dieta com casca de soja, em função da qualidade de fibra deste ingrediente. Foi observado redução
nos níveis séricos de triglicerídeo, colesterol, hemoglobina e glicose dos animais alimentados com polpa de citros, devido à alta capacidade de ligação catiônica deste co-produto. A maciez da carne foi superior para os animais que consumiram a dieta com casca de soja, em virtude da melhor digestibilidade dos nutrientes. As diferentes frações da fibra advindas da polpa de citros e casca de soja não afetam o desempenho dos animais e o peso e rendimento de carcaça,
mostrando que estes ingredientes podem substituir o feno de alfafa na dieta de coelhos. A qualidade de fibra da polpa de citros reduz os níveis séricos de triglicerídeo e colesterol dos
animais. A baixa quantidade de lignina em relação à celulose e hemicelulose da casca de soja propicia melhores coeficientes de digestibilidade dos nutrientes. No segundo experimento, os
tratamentos foram: FA- ração controle, com feno de alfafa; FL- substituição total do feno de alfafa por farelo de linhaça e FP- substituição total do feno de alfafa por farelo proteinoso de milho (20% PB). Os animais do tratamento FP apresentaram desempenho semelhante aos animais do tratamento FA. Porém, o rendimento de carcaça não diferiu entre os co-produtos testados. O farelo de linhaça proporcionou desempenho inferior aos demais ingredientes,
devido à alta capacidade de hidratação da fibra e formação de gel. Os coeficientes de digestibilidade aparente da MS, MO, PB e FDN foram superiores para o tratamento FP, em
função da qualidade de fibra. A maciez da carne foi superior para os animais que consumiram a dieta do tratamento FP, em virtude da melhor digestibilidade dos nutrientes. O farelo
proteinoso de milho pode substituir o feno de alfafa na dieta de coelhos. O farelo de linhaça, pela grande quantidade de fibra solúvel e alta capacidade higroscópica, prejudica o
desempenho dos animais e maciez da carne.