No fluxo da batida: a cultura juvenil do funk circulando em uma escola pública de Santa Maria/RS
Resumo
A presente dissertação pertence ao PPGE/UFSM, situando-se na Linha de Pesquisa 2- Práticas Escolares e Políticas Públicas. A pesquisa realizou uma interface entre estudos sobre Juventudes; Culturas Juvenis; Cultura Escolar; Práticas Escolares e Ensino Médio, dando centralidade à Cultura Juvenil do Funk. Buscando inspiração na perspectiva teórico-metodológica dos Estudos Culturais e no exercício analítico de discurso, se pretendeu analisar o modo como a Cultura Juvenil do Funk, produzida/consumida em espaços não escolares, tem circulado uma escola pública de Santa Maria/RS. A pesquisa realizou-se, em caráter inicial, em escola pública específica, através de observações e de aplicação de questionário acerca do gosto musical dos/as estudantes, com vistas a selecionar os sujeitos que fariam parte da pesquisa. Após a seleção dos/as jovens que se relacionavam de algum modo com o Funk, realizou-se entrevista individual semiestruturada com seis jovens do Ensino Médio, com três professores/as, representantes da área curricular de Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza, além da docente da disciplina de Seminário Integrado e da representante da Coordenação Pedagógica. Igualmente, como parte da materialidade da pesquisa, foi realizada entrada em campo em seis festas noturnas da cidade para identificar como a Cultura Juvenil em questão circula pelo município. Os resultados indicam que a Juventude entrevistada possui vinculações de pertencimento ao Funk a partir dos elementos: ritmo/batida, dança, vestimenta e representações específicas nos clipes e discursos das letras. Já os preconceitos da sociedade, advêm do não reconhecimento do Funk como manifestação cultural, da associação do consumo às classes populares, do uso das vestimentas associadas às Juventudes marginais e do conteúdo erótico das letras. Quanto ao modo como circula pela cidade, o Funk é sinônimo de diversão, pois acolhe e promove o entretenimento de diversas Juventudes; de mercado, porque além do mercado formal de festas também movimenta a economia familiar periférica, através das junções informais realizadas e, por fim; de ladaia, uma vez que faz emergir diversas confusões envolvendo bondes rivais da cidade. Quanto à circulação da Cultura Juvenil do Funk em âmbito escolar, foram identificados espaços e formas plurais. Sobretudo, o pátio, o recreio e a sala de aula tem sido invadidos pela tecnologia dos dispositivos móveis, que por sua vez, garantem o fluxo individual ou coletivo de fruição da cultura. Esta Cultura Juvenil afronta a Cultura Escolar existente, pois representa o conflito entre o usufruto de um tipo específico de cultura e não outro, de certas preferências musicais e não outras, do uso de algumas vestimentas e não outras, a utilização de certas danças e não outras e etc. Em contrapartida, alguns docentes têm feito o exercício de se apropriar de alguns elementos do Funk para utilizá-los em suas práticas de ensino. As disciplinas de Português, Educação Física, Arte e Inglês já realizaram esse movimento através da utilização de paródias envolvendo o conteúdo, de atividades rítmico expressivas e da tradução de letras de músicas para o idioma inglês. Já a disciplina de História se apropriou de discursos contidos nas letras para tematizar assuntos atuais, relacionando-os à disciplina.
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