Imaginário social e educação: nos labirintos da formação inicial de professores
Resumo
Este trabalho de tese de doutorado em Educação foi desenvolvido na Linha de Pesquisa 1 – Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional, do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Seu surgimento se dá a partir da trajetória formativa da autora no Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social – GEPEIS e uma curiosidade acadêmica sobre quais são os imaginários sobre educação, escola, ser professor, ser aluno e trabalho docente, que os acadêmicos dos semestres finais dos cursos de licenciatura da UFSM possuem e de que forma os cursos de formação inicial contribuem para a mudança e/ou manutenção destes imaginários e da estrutura escolar atual. A pesquisa teve o objetivo geral, dialogar com os imaginários dos acadêmicos dos semestres finais dos Cursos de Licenciatura da UFSM sobre a educação em uma perspectiva instituinte, a fim de conhecer que forma estes cursos de formação inicial contribuem para a mudança e/ou manutenção destes imaginários e da estrutura escolar atual. A base teórica da pesquisa é o Imaginário Social de Cornélius Castoriadis (1982) e, neste estudo, foram trabalhados os conceitos de imaginário radical, criação, significações imaginárias, magma, simbólico, imaginário social, imaginário social instituído, lógica conjuntista-identitária, instituições imaginárias sociais, imaginário social instituinte, sociedade, subjetividade, heteronomia e autonomia. A metodologia utilizada foi criada pela autora especialmente para esta investigação e intitulada Método Caleidoscópico, tal método teve inspiração na obra de Edgar Morin (2013), e no aparelho ótico caleidoscópio, e consiste no trabalho com diversos instrumentos de construção de dados que se combinam e recombinam ao longo da investigação, buscando maneiras possíveis de alcançar os objetivos da pesquisa. Neste trabalho foram realizados um Questionário Sócio-imaginário, Análise Documental do Projeto Pedagógico do Curso dos vinte e dois cursos de licenciatura, presenciais, da UFSM e Conversas Cruzadas, rodas de conversas nas turmas dos semestres finais sobre as temáticas da pesquisa. Os dados foram analisados através da teoria de Análise Hermenêutica de Martin Heidegger (2011) e Hans-Georg Gadamer (1997). Os resultados da investigação compõem três eixos de análise que se dividem entre quem são os estudantes dos cursos de licenciatura, aonde chegam ao ingressarem na UFSM e quais são as significações presentes em seus imaginários já na fase final da formação inicial. Os estudantes, em geral, são de famílias de baixa renda e veem nos cursos de licenciatura a única chance de ingresso no Ensino Superior, tais cursos possuem currículos, bibliografias e organizações desatualizadas e os imaginários dos futuros professores constituem-se na memória de quando foram alunos e no ideal de escola proposto pelas teorias educacionais, reflexo do pouco contato com a escola durante a formação inicial. Contudo, a partir deste cenário investigativo, compreendemos que os cursos de licenciatura estão frágeis, e necessitam de uma reforma do pensamento, da estrutura e dos objetivos, bem como as escolas. Isso porque a educação precisa passar a contribuir para a autoformação dos sujeitos, estar conectada com o universo simbólico da sociedade e sua complexidade política, ética e social.
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