Para onde vai a voz que ainda ecoa em nós? A dialética alienação/transformação no trabalho dos professores
Resumo
Este estudo pretende realizar uma síntese dialética sobre as características que se fazem presentes no trabalho dos professores que, oriundos dos movimentos sociais da categoria, e ou dos sindicatos, passam a trabalhar na área da educação (no governo federal), como terceirizados, no contexto das transformações operadas à luz das políticas neoliberais do Estado. Procura analisar, portanto, se o trabalho realizado, nestas condições por estes profissionais, apresenta uma possibilidade de transformação, ou se pode ser considerado como um trabalho alienado por conta do modelo econômico político e social vigente. Trata, assim, da dialética alienação/transformação no interior de uma dada totalidade (o trabalho dos professores/consultores, no Estado brasileiro). O problema de pesquisa consiste na análise e discussão sobre o trabalho realizado pelos sujeitos da pesquisa, fundamentando a investigação nas condições de trabalho destes sujeitos e a identificação das categorias de transformação ou alienação no trabalho, considerando, com Marx, que o trabalho estranhado, estranha o homem em relação a si mesmo e aos outros homens, estranha do homem o gênero humano. Busca compreender como se deu a inserção destes professores na função a serviço do Estado, quais são as condições de trabalho, as contradições, as possibilidades de ação e/ou autonomia de gestão que se apresentam diante de um processo de flexibilização e precarização do trabalho e de controle institucional. Fundamenta-se na dialética alienação/transformação, no trabalho e no papel do Estado como um agente do capital, um ―ente alienado‖ e ―alienante‖. Procura investigar até que ponto a realidade sinalizada por La Boetie de que ao homem todas as coisas parecem naturais, nas quais é criado e nas quais se habitua, pode ser transformada. Estes professores encontram-se no centro da contradição, pois, embora tenham uma formação de base no movimento social, nos partidos políticos, nas igrejas, e em outros espaços formativos, portanto, supostamente politizados, encontram-se no exercício de seu trabalho, contratados, a serviço do Estado. Conclui-se que, neste mesmo trabalho que aliena, encontra-se a possibilidade da transformação em sentido amplo, e a auto-realização dos professores/consultores.
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