O processo constitutivo do grupo de análise narrativa discursiva: a formação de pesquisadores no espaço grupal
Resumo
Esta tese foi desenvolvida na Linha de Pesquisa 1 – Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional, do Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Federal de Santa Maria/RS. A temática proposta abordou o processo constitutivo do Grupo de Análise Narrativa Discursiva (GAND) como formação de pesquisadores e teve como objetivo geral identificar, interpretar e compreender a dinâmica constitutiva do Grupo de Análise Narrativa Discursiva para a elaboração de uma Análise Narrativa Discursiva Grupal (ANDG). A metodologia foi pautada nos aportes teóricos da Teoria da Ação Comunicativa (TAC), do filósofo alemão Jürgen Habermas (2012), utilizando-se a abordagem hermenêutica-reconstrutiva como instrumento de análise. Através da hermenêutica analisaram-se os discursos das dezessete integrantes do GAND, tendo como paradigma dois modelos amplos de racionalidade: a filosofia da subjetividade e a filosofia da intersubjetividade, presentes na TAC. Na coleta de dados reuniu-se a transcrição dos quinze encontros do GAND, entrevistas semiestruturadas com as integrantes e o diário de campo da pesquisadora. Os elementos teóricos envolvidos nesse trabalho dizem respeito à formação do pesquisador e o trabalho com grupos. As observações e considerações elaboradas sobre o GAND, sob o olhar hermenêutico, crítico e dialético revelam que a dinâmica constitutiva do grupo passou por três momentos, a saber: 1º) de dúvidas e certezas; 2º) de conceitos novos; 3º) de desmonte e reconstrução. Assim, esses momentos permitiram duas movimentações importantes que constituíram o GAND: a) a reconstrução do equilíbrio entre os mundos objetivo, subjetivo e social; e b) a coordenação efetiva de ações individuais (imersão, exploração, elaboração e reelaboração) para o desenvolvimento da tarefa de análise coletiva proposta pelo grupo. Portanto, a dinâmica constitutiva do GAND decorreu do esforço de construção de uma ANDG, gerando formação de pesquisadores e foi atravessada por interações intersubjetivas entre as integrantes. Essas interações intersubjetivas provocaram nas integrantes a revisão sobre suas práticas como pesquisadoras e mudanças no entendimento sobre e como fazer pesquisa. Ao finalizar a pesquisa, teve-se a pretensão de que a mesma se tornasse uma “pesquisa comunicativa”, ou seja, capaz de fazer despertar a competência comunicativa dos pesquisadores, de modo que os mesmos permitam-se discutir e reavaliar o campo da pesquisa em educação, em benefício de todos. Além disso, por entender que a singularidade do sujeito se constrói no coletivo, alimenta-se ainda a expectativa de que esse trabalho de análise grupal sirva de incentivo para experiências formativas, vivenciadas no espaço grupal, tendo em vista contribuir com a formação de um pesquisador multiplicador e independente, que saiba dialogar com o mundo da vida.
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