Concepções docentes sobre saúde e deficiência sob o prisma da Teoria Bioecológica de Desenvolvimento Humano
Resumo
As políticas de educação no Brasil, nos diferentes níveis de ensino, desenvolvem-se numa perspectiva inclusiva, que exige conhecimento e respeito à diversidade. Para que tais políticas se efetivem e contribuam para a educação de todos e, em especial, do público-alvo da Educação Especial na universidade, as concepções que permeiam as estratégias de ação necessitam ser repensadas constantemente, principalmente em meio às transformações sociais. Entre essas concepções, estão os conceitos de saúde e deficiência, que repercutem nos serviços na área da Educação Especial. A universidade, como espaço de conhecimento e formação profissional, compartilha dos objetivos dos processos de inclusão, motivo pelo qual repensar concepções para promover a mudança de paradigmas é emergente. As concepções sobre saúde e deficiência vigentes nos contextos sociais impactam o comportamento humano e são, a depender das suas características, decorrentes de influências sistêmicas expressas por processos históricos e políticos. Desse modo, o problema que se introduziu ao desenvolvimento do estudo decorreu do seguinte questionamento: quais são as concepções de deficiência e saúde para os docentes universitários que atuam com pessoas com deficiência na atualidade e como elas operam na prática pedagógica? O objetivo geral foi compreender as concepções de saúde e deficiência expressas pelos docentes da Educação Superior e sua influência na prática pedagógica para o processo de inclusão de pessoas com deficiência sob o prisma da Teoria Bioecológica de Desenvolvimento Humano (TBDH). O método foi pautado pela pesquisa mista do tipo estudo de caso, com docentes da Educação Superior de uma instituição pública de Ensino Superior. Foram realizadas entrevistas com docentes que tiveram experiência com estudantes com deficiência em sala de aula (microssistêmica), com amostra por conveniência, e foi enviado, concomitantemente, aos docentes dos três centros com maior registro de matrícula de pessoas com deficiência, um questionário online (macrossistêmica). A análise dos dados quantitativos foi feita por meio da estatística descritiva e dos dados qualitativos pela Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). A sistematização dos dados coletados evidenciou que os professores têm concepções sobre saúde e deficiência em processo de transformação, em virtude, especialmente do paradigma inclusivo e da organização da Instituição de Ensino Superior (IES). Uma vez que os sistemas bioecológicos dos professores são semelhantes, observou-se que as influências sobre essas concepções decorrem do fato de terem experiência com pessoas com deficiência, além do apoio prestado pela IES. Observou-se também a necessidade de transformações na formação do professor universitário para uma prática pedagógica inclusiva, além da importância da ampliação do apoio prestado pelos diferentes setores da IES. Em conclusão, as concepções sobre saúde e deficiência têm passado por mudanças comportamentais, cujo entendimento demonstra uma progressiva desvinculação da doença em relação à deficiência. Tais mudanças são favorecidas pelo paradigma da inclusão e pelas características da IES em estudo, que colaboram para a configuração das práticas pedagógicas dos docentes universitários. Por fim, espera-se que a pesquisa produza novas reflexões acerca das concepções que permeiam a educação de pessoas com deficiência na universidade e que, dessa maneira, possa fazer ressoar novos olhares à inclusão na sociedade.
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