Associações polonesas união das sociedades Kultura e Oswiata (Curitiba -PR) – antagonismos e polonidade(s) na diáspora (1890-1939)
Resumo
Esta tese, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação/Doutorado em História da Universidade Federal de Santa Maria/RS, visa compreender a (re)construção de polonidade(s) entre imigrantes poloneses na comunidade imaginada, a partir das representações e dos discursos, processos sociais e culturais, transitoriedade e negociações dadas nas sociabilidades das Associações Kultura e Oswiata, constituídas em bases identitárias étnico-culturais na comunidade polonesa do Paraná, a maior comunidade de migrantes poloneses e descendentes no Brasil, atuando como centralizações das sociabilidades polonesas neste país, cuja problemática é: Em que medida as Associações étnicas polonesas União das sociedades Kultura e Oswiata, oficializadas no pós-reunificação do Estado Polonês, articulam-se a representações de polonidade(s), vinculando-se a uma comunidade imaginada na diáspora?A primeira, com orientação progressista e a segunda católico-clerical, cujas atividades, na primeira metade do século XX, estão voltadas para a comunidade polonesa no Brasil, ambas centralizadas na cidade de Curitiba PR, através de filiações, orientam as demais sociedades étnicas polonesas nas regiões brasileiras de imigração e de colonização polonesa. Para tanto, contamos com a análise de fontes documentais, fotográficas e biográficas produzidas em relação a estes processos sociais, sejam elas de órgãos oficiais das próprias associações e seus membros, boa parte destas localizadas no Acervo São Vicente de Paulo em Curitiba PR. Nossa delimitação temporal se define a partir da emigração em massa, a “febre brasileira” (1890), até a nacionalização e o início da Segunda Guerra Mundial (1939), quando os processos sociais identitários étnicos e as atividades étnicas das associações no Brasil são restringidas devido à intervenção da política de nacionalização e de construção da brasilidade. Entre nosso aporte teórico, destacamos: Anderson (2008), Poutignat & Streiff-Fenart & Fredrik Barth (1969, 2011), Baumann (2012), Cuche (2002), Hall (2003, 2006, 2013), Burke (2003) Chartier (1989). Desvelamos conflitos, negociações, contatos interétnicos e fronteiras, processos simbólico-culturais ligados à comunidade imaginada na diáspora. As Associações Kultura e Oswiata, tangenciando o objetivo de sua criação após a reunificação e reconquista da independência da Polônia, revelaram-se importantes espaços de articulação étnica e cultural, cujas sociabilidades e articulações de intelectuais e de agentes étnicos e da imprensa étnica foram efetivas na representação de polonidade(s). Estes processos de (re)construção identitária compartilhavam tanto dimensões simbólicas trazidas da Polônia, quanto aquelas construídas na diáspora, na dinâmica das relações culturais, sociais e interétnicas das novas realidades. Investigações assim delimitadas são potencialmente relevantes para ampliar o conhecimento em História, e, também, em História da Educação sobre questões relacionadas à imigração no Brasil e organizações associativas étnicas, emergindo elementos novos e contribuindo num sentido social e científico no desvelamento de arquivos e da produção de documentos. As organizações associativas étnicas foram iniciativas singulares embasadas em definições étnicas, culturais, políticas e ideológicas que deixaram importante contribuição para a sociedade brasileira.
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