Intercultura, formação de professores e cotas nas universidades brasileiras: Uma realidade efetiva ou formal?
Resumo
A construção da história do Brasil posterior aos anos de 1.500 d.C., marco inicial da colonização portuguesa, evidencia uma organização social fortemente marcada pelas relações de poder, inicialmente com o regime de escravidão do negro e do índio, posteriormente, pela desigualdade social propagada ao longo dos anos. Como consequência, alguns grupos foram historicamente privilegiados com melhores condições de estudo e melhores oportunidades de trabalho, tornando-se necessária a adoção de políticas públicas capazes de diminuir os efeitos dessas desigualdades, reconhecidamente existentes, entre os diversos grupos da sociedade que compõem a extensa população brasileira. As Ações Afirmativas, através do Sistema de Cotas, surgem nesse anseio e almejam à concretização da igualdade de oportunidades e à neutralização dos efeitos da discriminação, tendo sido implementadas de forma díspar pelas universidades brasileiras como critério na seleção de alunos desde o ano de 2003. Como decorrência, colocou-se a seguinte Questão de Pesquisa: Como está se efetivando a inclusão do aluno cotista nas universidades brasileiras? Como caminho para responder esta Questão, delineou-se o seguinte Objetivo Geral: Contribuir com subsídios teóricos e epistemológicos, numa perspectiva intercultural de estudo, para a formação de professores, no sentido de incluir efetivamente os alunos ingressos nas universidades pelo Sistema de Cotas, o qual desdobrou-se nos seguintes Objetivos Específicos: Mapear se houve adesão ao Sistema de Cotas pelas Instituições de Ensino Superior brasileiras (1); Investigar as ações adotadas por cinco universidades brasileiras para incluir efetivamente os alunos ingressos pela Política de Cotas (2); Organizar os dados coletados e identificar que medidas tem sido adotadas positivamente para a inclusão efetiva dos alunos cotistas (3); Contribuir para a formação de professores com a proposição de subsídios teórico-epistemológicos que auxiliem na inclusão efetiva (não apenas formal) dos alunos cotistas como sujeitos que aprendem e transmitem conhecimento, a partir da percepção da diferença como algo promissor (4). Para tanto, não apenas adotei a pesquisa qualitativa como metodologia, mas também, como um processo de execução, onde método é trajetória para atingir os Objetivos propostos, havendo a preocupação direta do pesquisador com a experiência tal como vivida, sentida ou experimentada. Descerro a escrita desta Tese com a temática da Intercultura, por entender ser vital que sejam produzidos subsídios interculturais para incluir efetivamente os alunos ingressos nas universidades pelo Sistema de Cotas, respeitando, aceitando e legitimando as suas diferenças. Prossigo à escrita abordando a temática dos Direitos Humanos e do Princípio da Igualdade, visando proporcionar algum entendimento ao leitor acerca da origem e formação de direitos individuais e coletivos, tão ausentes nesse momento que o Brasil atravessa. Ainda, entre outros temas, passando pela construção histórica das Políticas Afirmativas no Brasil, procurei mapear a adesão formal do Sistema de Cotas pelas Instituições de Ensino Superior – IES, pretendo verificar se estão sendo adotadas políticas e medidas para tornar efetivo esse processo de inclusão. Finalmente, tendo em mãos todo o arcabouço teórico que constituiu a pesquisa, encerro a escrita analisando os dados coletados e propondo uma resposta para a Questão investigada.
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