Jornalismo e discurso sobre si: a construção do ethos jornalístico na carta do editor de Zero Hora e Gaúcha ZH
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Data
2022-04-18Primeiro membro da banca
Ribeiro, Daiane Bertasso
Segundo membro da banca
Borelli, Viviane
Metadata
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Imersa em um cenário de crises no jornalismo e de constantes reconfigurações da prática profissional, a pesquisa tematiza o jornalismo e a construção de imagens de si a partir da Carta do Editor, de Zero Hora (ZH) e GaúchaZH (GZH), mídias que pertencem ao Grupo RBS e partilham a chamada Redação Integrada. Na intenção de problematizar e refletir sobre a profissão, os esforços da pesquisa se centram em compreender como o jornalismo tem abordado a si mesmo considerando o cenário de transformações na área (CHARRON; BONVILLE, 2016) e, também, de crises no jornalismo (CHRISTOFOLETTI, 2019). Como pano de fundo da pesquisa, tem-se a unificação da rádio Gaúcha e o jornal Zero Hora, mídias de grande audiência e circulação no Sul. A fusão do rádio e do jornal impresso não se deu somente no âmbito digital, foi uma mudança material e estrutural. Assim, a partir de mudanças tanto na organização interna, quanto nas rotinas de produção e nos produtos jornalísticos, observa-se a ênfase em um discurso que fala sobre si, como é o espaço chamado de Carta do Editor. Nas cartas, o editorchefe ou a editora-chefe da Redação Integrada discorrem sobre as produções jornalísticas de ZH, Rádio Gaúcha e da plataforma GZH. São analisadas 56 edições da Carta do Editor publicadas entre janeiro de 2019 a dezembro de 2020. O objetivo geral é compreender a construção do ethos jornalístico a partir da identificação dos núcleos de sentido relacionados aos valores e funções do jornalismo, relacionando-os com o contexto de transformações e crises. Entre os objetivos específicos estão, identificar como o discurso autorreferencial contribui para a construção do ethos e mapear os sentidos predominantes sobre valores e funções do jornalismo na Carta do Editor. Assim, ao partir do princípio que o conjunto de disposições, percepções e valorações que jornalistas têm de si e do mundo constroem o ethos jornalístico, o problema de pesquisa pode ser resumido no seguinte enunciado: a partir da condição de identidade da instância midiática que integra o contrato de comunicação (CHARAUDEAU, 2006), que núcleos de sentido compõem as marcas do ethos jornalístico (ORLANDI, 2005; MAINGUENEAU, 2008) presentes nas Cartas do Editor de ZH e GZH? A partir da análise das 104 Sequências Discursivas, identificamos 23 núcleos de sentido que integram duas Formações Discursivas majoritárias: a primeira, aponta para uma visão tradicional dos valores e funções do Jornalismo; a segunda, reúne SDs que apresentam uma visão limitada das crises e das transformações do Jornalismo. Assim, entre as conclusões, destaca-se que, apesar de um discurso que pauta transformações, adaptações e inovações no jornalismo, a partir de um caráter semelhante ao de manuais e receituários, a reafirmação de uma identidade faz crer que o ethos jornalístico construído pela Carta do Editor refere-se a valores tradicionais na tentativa de estabilizar determinadas noções acerca do jornalismo.
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