As faces da violência do estado no fazer docente: a compreensão de professores e professoras da rede pública municipal de ensino de uma cidade do interior do RS
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Data
2022-08-30Primeiro membro da banca
Alberti, Taís Fim
Segundo membro da banca
Charczuk, Simone Bicca
Metadata
Mostrar registro completoResumo
A educação pública sempre sofreu e sofre ataques constantes quanto à sua qualidade, contexto
este no qual as(os) educadoras(es) acabam perdendo sua autoridade e são cada vez mais
desrespeitadas(os) e desvalorizadas(os). Professoras e professores, que estão na linha de frente
deste cenário, sofrem constantemente com esse descaso. Dessa forma, surge a discussão sobre
as diferentes formas do Estado exercer seu poder e suas influências no campo da educação, o
que afeta diretamente esta classe trabalhadora. Intervenções que carregam consigo diferentes
formas de violência, desde as mais sutis e sorrateiras, até as mais escancaradas e estruturais.
Diante deste cenário o presente trabalho teve como objetivo analisar a compreensão de
professoras e professores quanto às violências praticadas pelo Estado em seus contextos de
trabalho. Buscou-se compreender de que maneira as exigências do Estado modelam à
Educação, investigando possíveis diálogos e entraves gerados nas práticas educacionais, além
de identificar de que maneira as exigências do Estado quanto à educação podem afetar a saúde
física e psíquica dos(as) docentes. O público alvo foram oito professores(as) da Rede Pública
Municipal de Ensino de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. A coleta dos dados foi
feita por meio de entrevistas gravadas, utilizando um roteiro semiestruturado com questões
norteadoras. Entrevistas estas que, em função da pandemia de coronavírus, foram realizadas
de maneira online, mediadas pela plataforma de comunicação digital Google Meet. Para o
desenvolvimento da coleta de dados foi utilizado o método bola de neve, com a intenção de
alcançar um número maior e mais variado de participantes para a pesquisa. A análise dos
dados obtidos foi realizada através da Análise Temática de Conteúdo. Os resultados da
pesquisa demonstram a consciência das professoras entrevistadas sobre as ferramentas
utilizadas pelo Estado no controle da educação. Além disso, o adoecimento, tanto físico como
psíquico, aparece ralacionado às intervenções do Estado. No entanto, as participantes da
pesquisa destacam a criticidade, o olhar humano e o papel político e social da educação como
fatores de possíveis mudanças. Conclui-se portanto que a educação se faz para além do
pedagógico, através do cuidado e o respeito de si e com o outro, que também aparecem como
formas de resistência em um cenário de adoecimento tanto físico quanto psíquico. Além disso,
fica evidente a naturalização da violência sofrida pela classe trabalhadora pesquisada e a
dificuldade de se nomear tais ferramentas e atitudes do Estado como “violências”, pois muitas
delas aparecem de maneira sutil e mascarada.
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