Nietzsche e o problema do eterno retorno
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Data
2023-01-06Primeiro membro da banca
Medeiros, Eduardo Vicentini de
Segundo membro da banca
Costa, Vítor Hugo dos Reis
Metadata
Mostrar registro completoResumo
O presente trabalho investiga o problema do eterno retorno em Nietzsche. O eterno retorno, junto a outros conceitos da filosofia nietzschiana, tais como, a vontade de poder, a teoria das forças e o além-do-homem, são conceitos essenciais desta filosofia. Todavia, o eterno retorno, por si, fornece alguns desafios interpretativos. O primeiro desafio interpretativo em relação ao eterno de Nietzsche é definir se se trata de um eterno retorno do mesmo ou do diverso. Abordamos essa problemática e defendemos que o eterno retorno da filosofia nietzschiana é um eterno retorno do mesmo. Todavia, a principal problemática a respeito dessa cara noção a filosofia de Nietzsche, é se ela se inscreve num âmbito ético-existencial, cosmológico, ou ainda, em ambos. Assim, o principal objetivo deste trabalho, é solucionar se o eterno retorno deve ser lido como desafio ético-existencial, tese cosmológica ou se estaria inscrito nas duas esferas. A partir da obra publicada de Nietzsche, da edição crítica dos fragmentos póstumos dos manuscritos do filósofo e também de uma revisão da tradição, defendemos que o eterno retorno em Nietzsche deve ser entendido, simultaneamente, como desafio-ético-existencial e também em seu aspecto cosmológico, inclusive de uma tese cosmológica. Aceitar essa terceira via interpretativa, faz com que surja outro desafio, a saber: conciliar liberdade e necessidade. O âmbito ético-existencial do eterno retorno suscita a ideia da liberdade de escolher o que se queira repetidas infinitas vezes. O aspecto cosmológico suscita um fatal destino. Para resolver essa problemática, defendemos que Nietzsche se vale, sobretudo, da noção de ego fatum, a partir da qual a contradição entre necessidade e liberdade seria suprimida na filosofia nietzschiana. Assim, numa radial afirmação da existência no plano da imanência, através do amor fati, Nietzsche buscou superar o problema do niilismo advindo do que ele chamou de morte de Deus. A morte de Deus é um diagnóstico que Nietzsche faz de uma época, marcada pelo enfraquecimento do que ele entendeu como o valor dos valores, isto é, a noção de Deus. Esse valor, especialmente caro, dentro de um paradigma linear de tempo e historicista, já longe dos arquétipos e seus afins que, num tempo circular, metafísico e mítico, dá sentido aos desafios da vida e da história enfrentada pelo humano das sociedades antigas e tradicionais.
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