Avaliação da influência da dieta em parâmetros de estresse oxidativo, inflamação e modificações epigenéticas em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico
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Data
2023-10-11Primeiro membro da banca
Bitencourt, Paula Eliete Rodrigues
Segundo membro da banca
Batista, Angela Giovana
Metadata
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A ativação celular exacerbada devido a autoimunidade no Lúpus Eritematoso Sistêmico
(LES), pode gerar um desequilíbrio entre antioxidantes e pró-oxidantes desencadeando o
estresse oxidativo. Além do estresse oxidativo, a inflamação crônica apresentada no LES é
um fator de risco para desenvolvimento de doenças metabólicas. Sabe-se que a alimentação
tem importante papel na modulação do estresse oxidativo e na inflamação através da ingestão
de nutrientes que potencializam ou desestabilizam esses aspectos. O objetivo do estudo foi
avaliar se uma dieta com potencial antioxidante e anti-inflamatório, pode modular o estresse
oxidativo, a inflamação e as modificações epigenéticas em pacientes com LES. Para tal,
primeiramente foi desenvolvido um artigo de revisão abrangendo as metodologias e
ferramentas nutricionais aplicadas para avaliação do perfil da dieta e a influência na a
progressão do LES. Pelo artigo de revisão foi possível observar que a literatura disponível
revela uma diversidade nos resultados investigados com heterogeneidade nas metodologias
e nos instrumentos de avaliação da qualidade da dieta e de coleta de dados dietéticos
resultando em conclusões variadas sobre a relação entre dieta e LES. Posteriormente foi
realizado um estudo com 40 participantes, sendo 20 pacientes com diagnóstico de LES e 20
indivíduos controles. Dados nutricionais foram coletados pelo questionário de frequência
alimentar (QFA) e avaliados por índices dietéticos validados previamente. Elementos
essenciais e não essenciais, biomarcadores de estresse oxidativo e inflamação, dano ao DNA
e metilação global de DNA foram avaliados em todos os participantes. Os biomarcadores de
estresse oxidativo, TBARS, tióis não proteicos, catalase, FRAP e vitamina C não
apresentaram diferenças significativas entre os pacientes com LES e o grupo de controle.
Entretanto, foram observados maiores níveis de óxido nítrico nos pacientes com LES em
comparação com o grupo controle, além de uma correlação positiva com atividade da doença.
Pacientes com LES que apresentaram maior atividade da doença apresentaram níveis mais
baixos de selênio no plasma. Observou-se também um aumento na expressão de β2-
integrinas em neutrófilos em pacientes com maior comprometimento renal e níveis elevados
de vitamina C no plasma em pacientes com menor porcentagem de expressão de ICAM-1 e
β2-integrinas em neutrófilos. Os pacientes com LES apresentaram hipometilação em relação
aos controles e a metilação global de DNA apresentou uma correlação negativa com aspectos
da atividade da doença. Além disso, os pacientes com LES apresentaram maior expressão
de células com micronúcleos em relação aos controles. Sobre a alimentação, foi observado
que o consumo diário de macronutrientes acima das recomendações pode estar associado a
uma pior atividade da doença em pacientes com LES. O índice dietético que avalia o potencial
anti-inflamatório da dieta, correlacionou-se com o biomarcador de peroxidação lipídica e o
índice dietético que avalia o potencial antioxidante, correlacionou-se com tióis não-proteicos.
Portanto, apesar da literatura existente apresentar significativa heterogeneidade em suas
conclusões, é possível observar que a dieta tem impacto na atividade do LES. Foram
identificados biomarcadores que podem estar relacionados com a atividade da doença e
padrões dietéticos que podem interferir no estresse oxidativo. Uma avaliação mais abrangente
da dieta e do LES com um maior número de participantes, é necessária, a fim de compreender
melhor as alterações biológicas e, especialmente, avaliar o impacto da dieta nesta doença.
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