Avaliação da atividade de enzimas que degradam nucleotídeos de adenina e do perfil oxidativo em ratos com sepse induzida
Resumo
A sepse pode ser definida como síndrome da resposta inflamatória sistêmica
(SIRS) decorrente da reação do sistema imunológico à infecção, denotando um
processo progressivo de dano tecidual, onde a disfunção múltipla dos órgãos é a
expressão mais grave. O sistema de sinalização purinérgica desempenha um papel
importante na modulação das respostas inflamatórias e imunes através de biomoléculas
extracelulares, como os nucleotídeos de adenina e seu derivado nucleosídeo
adenosina. Essas moléculas sinalizadoras são liberadas do meio intracelular em
resposta ao dano ou ao estímulo celular por ação de patógenos. Os efeitos dos
nucleotídeos de adenina e da adenosina são promovidos através da ativação de
receptores purinérgicos específicos e controlados por uma cascata enzimática
localizada na superfície das células. Além das alterações imunes, o estresse oxidativo
desempenha um importante papel na patofisiologia desta doença, contribuindo para os
principais efeitos sistêmicos deletérios da sepse como a hipóxia tecidual e a falência de
órgãos. Sendo assim, visando à melhor compreensão desta patologia, este trabalho
teve por objetivo avaliar a atividade da enzima E-NTPDase em linfócitos bem como
analisar o perfil oxidativo em cérebro, coração, fígado e rins em ratos submetidos à
sepse experimental utilizando a técnica de ligação e perfuração do ceco (CLP). Os
procedimentos para avaliação dos efeitos da sepse sob a atividade das enzimas ENTPDase
em linfócitos e sob os parâmetros de estresse oxidativo nos tecidos foram
divididos em duas etapas. Na primeira etapa, os animais foram divididos em dois
grupos: (1) controle negativo e (2) séptico, onde se avaliou a atividade da E-NTPDase e a análise histológica dos rins, fígado e pulmão. Para a segunda etapa, os animais foram
divididos em 3 grupos: (1) controle negativo, (2) Sham e (3) séptico, na qual se
determinou os parâmetros de estresse oxidativo, bem como o perfil bacteriano e
hematológico. Observou-se um aumento na hidrólise de ATP em ratos com sepse
induzida quando comparado ao grupo controle. Contudo, a atividade da E-NTPDase
não foi alterada, quando utilizado ADP como substrato. Pelas análises histológicas de
rins, fígado e pulmão verificou-se no grupo séptico a presença de congestão vascular,
necrose e infiltrado inflamatório mononuclear quando comparados com o grupo
controle. Em relação à atividade antioxidante não se observou diferença significativa no
conteúdo de NPSH e na atividade da SOD em nenhum órgão analisado. Quanto aos
parâmetros do estresse oxidativo, o teor de proteína carbonil não apresentou diferença
significativa no cérebro e no fígado enquanto nos tecidos cardíaco e renal observou-se
um decréscimo no grupo séptico em relação aos demais grupos. Não foi observada
nenhuma diferença significativa nos níveis de TBARS no cérebro, no entanto, estes
níveis estavam reduzidos no coração e no fígado e aumentados no tecido renal. Foi
identificado como agente etiológico da sepse E. coli. Observou-se significativas
alterações hematológicas no grupo séptico como: leucocitose e trombocitopenia. Com o
presente trabalho conclui-se que, na sepse induzida, o aumento da hidrólise do ATP
seja provavelmente consequência de uma resposta dinâmica para reduzir os níveis
elevados de ATP resultantes da morte celular. Já a redução nos parâmetros de
estresse oxidativo no coração e no fígado pode ter ocorrido devido a diferenças na
indução da sepse pelo modelo CLP entre os diferentes grupos de pesquisa, adicionado
à função dos neutrófilos alterados e também às características inerentes do tipo de
micro-organismo patogênico.