O grupo reflexivo como dispositivo de aprendizagem docente na educação superior
Resumo
O foco do estudo da pesquisa centrou-se no grupo como dispositivo de aprendizagem
docente de professores da educação superior que refletem a sua prática. Insere-se na Linha de
Pesquisa Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional do Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal de Santa Maria/RS. Os objetivos que nortearam o
desenvolvimento do estudo foram: compreender a constituição de um grupo reflexivo como
dispositivo de aprendizagem docente para professores da educação superior; identificar os
movimentos construtivos deste grupo; analisar como ocorre a construção da aprendizagem docente a
partir de um grupo reflexivo e investigar que aprendizagens ocorrem a partir dele. Ao longo do
desenvolvimento da tese procurou-se responder aos seguintes questionamentos: como se constitui
um grupo reflexivo pensado como dispositivo de aprendizagem da docência superior? A experiência
de participar de um grupo reflexivo estimula a construção da aprendizagem docente? Que
aprendizagens decorrem de um grupo reflexivo? Para responder as estas questões, o caminho
percorrido envolveu a abordagem metodológica de cunho qualitativo narrativo (CLANDININ e
CONNELY, 1995). Desenvolveu-se a seguir quinze encontros com um grupo de dezesseis
professores de um curso de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior Confessional do
interior do Estado do Rio Grande do Sul. O instrumento de coleta de dados foi o diário de campo e os
professores adotaram o diário de aula como instrumento gerador da reflexão do grupo. Outro
instrumento utilizado como propulsor da reflexão dos professores foram as vivências, sendo estas
planejadas e organizadas para os encontros, conforme o desenvolvimento dos mesmos. Os
encontros foram gravados, transcritos, unitarizados e categorizados para a análise textual discursiva
(MORAES e GAGLIAZZI, 2007). O percurso trilhado permitiu identificar, primeiramente, a dinâmica
grupal envolvendo três movimentos construtivos: (1) articulação inicial, (2) aproximações e
afastamentos e (3) continuum reflexivo. Para compreensão e interpretação dessa fase do estudo, as
leituras que se constituíram como referenciais de análise e entendimento estão respaldadas nas
obras de Lewin (1948; 1965), Ferry (2004; 1976), Josso (2004), Cunha (2006; 2008), Souto (2007) e
Oliveira (2009); para o grupal, Dewey (1976; 1965; 1959) Schön (2000) e Zeichner (1993, 2008); para
professor reflexivo, entremeando com Zabalza (2004) e Nóvoa (1992, 2007). O grupo como
dispositivo de aprendizagem docente se efetiva na descrição, interpretação e discussão das
categorias que emergiram do grupal: (1) simplificação da aprendizagem docente, (2) a manifestação
da consciência de ser professor e (3) a [re] significação da aprendizagem docente. Para a discussão
sobre aprender a ser professor, destacam-se referenciais de Vygotski (1995; 1989; 1982), Leontiev
(1984), Vygotski, Lúria e Leontiev (1989), Cunha (2001, 2005, 2006, 2008), Isaia (2006, 2008), Isaia e
Bolzan (2007, 2004), Bolzan (2002, 2006) e Maciel (2006). O grupo se constitui como dispositivo de
aprendizagem docente a partir da compreensão de que esse aprender perpassa pelas relações
sociais que se estabelecem na docência superior, atreladas ao espaço lugar onde acontece essa
aprendizagem. Culmina com a reflexão dos elementos que são próprios, contextuais e específicos da
docência superior. A aprendizagem docente constitui-se, assim, em um processo inter e intrapessoal
e interrelacional profícuo no contexto grupal, uma vez que se estabelece como um ambiente
motivacional e de compartilhamento, promotor da transformação no sentir, no pensar e no agir dos
professores.