Investigação da contaminação bacteriana em concentrados plaquetários e avaliação de técnicas convencionais
Resumo
As transfusões sanguíneas sempre foram o grande suporte para o seguimento do tratamento de câncer, principalmente em pacientes dos setores de hematologia-oncologia, mas ainda destacam-se como uma das principais fontes de transmissão de doenças infecciosas, atualmente as bacterianas. Os concentrados plaquetários (CPs) são os hemocomponentes com maior frequência de contaminação bacteriana e são os responsáveis pela grande maioria das reações sépticas transfusionais. A infecção bacteriana é uma das principais causas de morbidade e mortalidade decorrentes de transfusões plaquetárias. Bactérias gram-positivas, em especial Staphylococcus epidermidis, são majoritariamente os responsáveis pela contaminação de CPs. Sendo assim, este estudo objetivou determinar a prevalência da contaminação bacteriana em CPs, o isolamento e a identificação dos microrganismos encontrados. Além disso, buscou identificar reações sépticas transfusionais bem como avaliar técnicas convencionais de detecção bacteriana. Um total de 691 amostras de CPs (665 plaquetas randômicas e 26 plaquetaféreses) foi analisado. Estas amostras foram provenientes do Hemocentro do Estado do Rio Grande do Sul (HEMORGS), localizado na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. Empregaram-se técnicas de cultura qualitativa, quantitativa, de crescimento diário e também marcadores metabólicos para a detecção das bactérias. Os testes de identificação dos microrganismos isolados foram feitos por técnicas convencionais fenotípicas e genotípicas e o rastreio das reações sépticas foi realizado por hemovigilância passiva. A prevalência da contaminação bacteriana encontrada neste estudo foi de 1,47% e S. epidermidis foi a bactéria responsável por todas as contaminações. Esta prevalência é considerada alta quando comparada a estudos recentes realizados em outros países. No Brasil contamos com pouquíssimos estudos nesta área. Todas as amostras contaminadas foram de plaquetas randômicas. O ensaio de marcadores metabólicos foi inespecífico para a pesquisa de bactérias. Ocorreu uma grande dificuldade na execução da técnica do crescimento diário inviabilizando essa metodologia para ser proposta ao HEMORGS. Através da hemovigilância passiva as reações transfusionais foram caracterizadas e foi possível confirmar a ocorrência de uma reação séptica transfusional. Sendo assim, sugerimos a associação de metodologias para a detecção da contaminação bacteriana na triagem dos CPs, uma vez que, se trata de um problema de saúde. A associação de sistemas de cultura pode reduzir os riscos de transfusões de CPs contaminados. Acreditamos que as reações sépticas transfusionais podem ser minimizadas com o seu reconhecimento precoce pela equipe clínica.
Palavras-chaves: Concentrados plaquetários; reação transfusional; sepse; bactérias