Identificação e caracterização molecular de Echinococcus granulosus sensu lato em suinos no Rio Grande do Sul
Resumo
Equinococose é uma infecção zoonótica causada por um metacestóide pertencente à família Taeniidae e gênero Echinococcus. O estágio larvario (cisto hidático) do parasito causa sérios problemas de saúde pública, além de atingir várias espécies de animais, acarretando prejuísos econômicos à indústria de carnes. A equinococose é considerada endêmica em alguns países, sendo que na América do Sul os países mais acometidos são Argentina, Uruguai, Peru, Bolívia, Chile e parte sul do Brasil. No Rio Grande do Sul (RS), principalmente em regiões de fronteira com Argentina e Uruguai, há uma ocorrencia maior de casos, acometendo preferencialmente ovinos e bovinos, sendo que a espécie prevalênte no estado é o Echinococcus granulosus. O controle do parasito deve ser baseado no adequado conhecimento do ciclo de transmissão e de sua taxonomia, sendo essencial à vigilância epidemiológica preditiva. A identificação da espécies e cepas dentro do gênero Echinococcus, assim como o reconhecimento de áreas geográficas contaminadas pelo parasito é essencial para o estabelecimento de programas de controle da equinococose. As ferramentas moleculares são utilizadas na identificação e caracterização deste parasito com rapidez, eficácia e segurança, favorecendo um diagnóstico preciso desta enfermidade. Diante da importância de dados epidemiológicos acerca da equinococose cística no estado de RS, este estudo teve como objetivo, realizar a identificação e a caracterização molecular de cistos em vísceras suínas, a fim de localizar possíveis focos da equinococose cística em propriedades rurais na região centro/norte do Rio Grande do Sul, bem como caracterizar a espécie e cepa presente nos cistos hidáticos. Neste trabalho foram analisadas vísceras suínas oriundas de frigoríficos da região centro/norte do RS. Um total de 3.101.992 suínos foram abatidos na região estudada no período de janeiro de 2008 a 2012, destes, 58 animais continham cistos, apresentando morfologia compatível com cisto hidático. Foram realizadas análises macroscópicas e moleculares em todos os cistos encontrados. Para a realização da PCR (reação em cadeia da polimerase) utilizou-se um fragmento do gene mitocondrial citocromo c oxidase subunidade I (cox-I). Análise macroscópica constatou cistos de formas e tamanhos variados. Na caracterização molecular, evidenciou-se Echinococcus spp. (10,3%), Taenia hydatigena (56,9%) e inconclusivos (32,8%). Para análise molecular empregou-se o método de Neighbor-Joining, onde identificou-se dois grupos distintos caracterizados dentro da espécie Echinococcus granulosus sensu lato. O E. granulosus stricto sensu cepa G1 foi identificado em 2 amostras e E. canadensis cepa G7 em 3 amostras. Os resultados evidenciam o papel epidemiológico dos suínos, atuando como hospedeiro intermediário de Echinococcus granulosus sensu lato e seu potencial na transmissão de cepas infectantes para humanos no sul do Brasil. Desta forma é necessário uma monitorização constante e rigorosa identificação de cistos, evitando resultados não fidedignos, a fim de monitorar a propagação da equinococose cística no estado do RS.