Relação da postura craniocervical e da desordem temporomandibular com as funções estomatognáticas de alimentação
Resumo
A postura craniocervical pode interferir diretamente na posição da mandíbula
e do osso hióide e conseqüentemente na realização das funções de mastigação e
deglutição. Outro fator que pode repercutir nocivamente sobre as funções
alimentares seria uma alteração do próprio sistema, como por exemplo, a presença
de uma Desordem Temporomandibular (DTM). Este estudo teve como objetivo
investigar a relação da postura craniocervical e da DTM com as funções de
mastigação e deglutição. 70 indivíduos do gênero feminino foram divididos em dois
grupos quanto à presença de DTM segundo o instrumento Critérios de Diagnóstico
para Pesquisa de Desordem Temporomandibular (RDC/TMD): 34 indivíduos com
DTM e 36 sem DTM. A postura craniocervical e a posição mandibular e do osso
hióide foram aferidas pela análise cefalométrica. A avaliação das funções de
mastigação e deglutição foi baseada no Protocolo de Avaliação Miofuncional
Orofacial com Escores (AMIOFE). Foram observadas correlações significativas entre
o ângulo crânio-vertebral e as variáveis referentes à posição do osso hióide:
distância do osso hióide ao mento (p=0,02) e à mandíbula (p=0,03). O ângulo
referente à anteriorização da cabeça também apresentou uma correlação
significativa com a medida relativa à distância do osso hióide à mandíbula (p=0,00).
O grau de curvatura cervical demonstrou uma correlação moderada em relação à
distância do osso hióide à terceira vértebra cervical (p=0,01). Foram observadas
alterações posturais importantes, porém estas não foram associadas à maior
freqüência de comportamentos atípicos durante as funções de mastigação e
deglutição. Os indivíduos com DTM apresentaram uma diferença significativa quanto
à postura de língua (p=0,03) e lábios (p=0,04) durante a função de deglutição, bem
como a adoção de um padrão mastigatório unilateral crônico (p=0,03) mais
freqüentemente observado. Os achados cefalométricos confirmaram a relação
anatômica entre a postura craniocervical, mandíbula e osso hióide. No entanto, não
foi possível associar a presença dos desvios posturais craniocervicais observados
com a ocorrência de alterações nas funções de mastigação e deglutição. Por outro
lado, a presença da DTM repercutiu na maior freqüência de alterações nas funções
alimentares.