A auto(trans)formação permanente e a pedagogia de educação popular: entrelaçamentos possíveis entre a práxis educativa escolar e a realidade dos estudantes
Resumo
Esta Dissertação de Mestrado insere-se na Linha de Pesquisa Formação, Saberes e Desenvolvimento Profissional do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria/RS. A investigação se propôs a estudar e compreender a auto(trans)formação permanente de professores e estudantes pelo entrelaçamento da práxis educativa escolar com a pedagogia popular possível no seu contexto. Foi necessário depreender a auto(trans)formação permanente como articulador do contexto dos estudantes e do cotidiano do professor; compreender a experiência auto(trans)formativa dos Círculos, como contribuição à formação de professores no contexto de uma escola pública de Educação Básica para a construção de uma educação mais significativa e humana para seus sujeitos e investigar como a auto(trans)formação permanente, entrelaçada à pedagogia popular, pode contribuir com práxis educativas com um viés de transformações significativas aos estudantes. Para realizar a pesquisa, foram entrelaçados os conceitos de formação permanente (FREIRE, 2011a), formação docente (IMBERNÓN, 2009), realizada ao longo da trajetória profissional e experiências de vida, em especial quando ocorrida nos momentos de formação realizados com foco no cotidiano escolar. Juntamente com a auto(trans)formação permanente (HENZ, 2014; 2015), o trabalho traz as contribuições da pedagogia popular de Freire (2014; 2013; 2011) como uma possibilidade para a escola pública e uma educação mais significativa para os educandos/educandas e educadores/educadoras, de modo que seja um espaço de aprendizagens e experiências com a seriedade da profissão e a alegria de aprender constantemente. A abordagem metodológica escolhida foi a qualitativa, fundamentada por Ghedin & Franco (2011); André (2001); Duarte (2002); Michel (2009), embasada nos Círculos Dialógicos Investigativo-formativos (HENZ, 2014), (FREITAS, 2015), (HENZ; FREITAS, 2015) que privilegiam espaços de diálogo e auto(trans)formação docente com ênfase e proximidade no cotidiano dos estudantes, envolvidos com a comunidade e com a realidade dos sujeitos. A metodologia caracteriza-se por um estudo de caso (YIN, 2005) visto que privilegia um contexto específico e busca investigar as particularidades de forma intensa, com características de pesquisa-participante (BRANDÃO, 2001), já que a pesquisadora possui imersão e participação no contexto de pesquisa e a problemática de trabalho parte de necessidades percebidas pela observação do grupo e do cotidiano analisado. A realização da pesquisa deu-se por meio de cinco Círculos Dialógicos Investigativo-formativos e mais um Círculo de devolutiva e validação da pesquisa com o coletivo de educadoras da escola Estadual de Educação Básica Antônio João Zandoná, de Barra Funda (RS), que, desde 2003, trabalha com uma metodologia de temas geradores, sob a ótica da pedagogia popular de Paulo Freire (2013). A pesquisa provocou um entrelaçamento entre a auto(trans)formação permanente e a pedagogia de educação popular para construir aproximações entre a práxis educativa escolar e o contexto dos estudantes com vistas à possibilidade de renovação e valorização da escola pública como um lugar para aprender, crescer, politizar-se, humanizar-se e ser feliz. A análise hermenêutica (GADAMER, 1998; FLICKINGER, 2014, KRONBAUER, 2014) observou que o diálogo como metodologia de pesquisa tem muito a contribuir para os momentos de auto(trans)formação das educadoras, coautoras da pesquisa, a partir de temáticas cotidianas e inquietantes que emergiram dos Círculos, levando-as à conscientização de que a auto(trans)formação pode contribuir para inéditos-viáveis na construção de uma educação mais problematizadora, dialógica e humana.