Cateter central de inserção periférica em neonatologia e pediatria: as vozes das enfermeiras
Resumo
O Cateter Central de Inserção Periférica (CCIP), ou Peripherally Inserted Central Venous
Catheter (PICC) é um dispositivo intravenoso inserido através de uma veia superficial da
extremidade que progride, por meio da ajuda do fluxo sanguíneo e de procedimentos de
inserção, até o terço distal da veia cava, ficando a nível central. Atualmente, o enfermeiro é
um dos principais responsáveis pela avaliação da necessidade do uso desse dispositivo, além
de ser o profissional mais diretamente envolvido na construção de protocolos institucionais.
Assim, delimitou-se como objeto de estudo: a atuação das enfermeiras na utilização do PICC
em neonatos e crianças em um hospital de ensino. O objetivo geral deste estudo foi
compreender a atuação de enfermeiros na utilização do PICC em neonatos e crianças em um
hospital de ensino. Os objetivos específicos foram: descrever as bases para a atuação dos
enfermeiros na utilização do PICC em neonatos e crianças em um hospital de ensino; analisar
os riscos e benefícios da utilização do PICC no cenário de estudo e discutir os limites e
possibilidades da utilização do PICC em neonatos e crianças no contexto de um hospital de
ensino. Tratou-se de um estudo qualitativo de caráter exploratório-descritivo, realizado de
abril a maio de 2012. Os sujeitos foram 20 enfermeiros da Unidade de Internação Pediátrica,
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica, Pronto Socorro Pediátrico e Centro de
Transplante de Medula Óssea, de um hospital de ensino no sul do Brasil. Foi aplicado o
Método Criativo Sensível, por meio de três Dinâmicas de Sensibilidade e Criatividade:
Árvore do Conhecimento, Corpo Saber e Almanaque. Os dados foram submetidos à Análise
de Discurso em sua corrente francesa. Os resultados apontam que o enfermeiro ocupa posição
de destaque na utilização do PICC em neonatos e crianças, sendo que seu preparo inicia na
graduação, complementa-se com a capacitação legal e estende-se na prática diária,
raciocinando clinicamente e avaliando riscos e benefícios. A incorporação de novas
tecnologias em terapia intravenosa traz a necessidade de atenção redobrada com a segurança
do paciente. As enfermeiras tem o cuidado de estabilizar, hemodinamicamente, a criança,
manipular o mínimo possível seu corpo e não a expor ao risco de infecção, com observação de
técnicas assépticas. Para tanto, escolhem criteriosamente o local de acesso e não excedem três
tentativas. Para prevenir o estresse do paciente, equipe e familiares deve-se atentar para as
orientações, a analgesia e a sedação. Recomenda-se a invidualização/singularização de cada
caso com a implementação da sistematização da assistência de enfermagem, pois esta
viabiliza, registra e evidencia o trabalho do enfermeiro. Assim, espera-se que esse profissional
possa assumir e manter a autonomia diante da indicação, inserção, manutenção e retirada do
PICC, atuando com competência técnica e legal. Desse modo, o enfermeiro deve buscar
capacitação continuada para assumir esta atividade desenvolvendo-a de forma responsável,
consciente e preventiva.