Vegetação e mecanismos de regeneração natural em diferentes ambientes da floresta ombrófila mista na flona de São Francisco de Paula, RS
Resumo
Este estudo avaliou a fitossociologia de Floresta Ombrófila Mista e os seus mecanismos de regeneração (banco de plântulas, chuva de sementes e banco de sementes do solo). Os dados foram coletados em seis conglomerados, sendo cada um subdividido em 16 parcelas de 20 m x 20 m. No
Capítulo I, estudou-se a vegetação adulta onde as espécies arbóreas e arbustivas com circunferência à altura do peito (CAP) igual ou maior de 30 cm foram identificadas e medidas. As espécies foram classificadas em grupos ecológicos e, com base nos dados de densidade, foi realizada uma análise
de agrupamento utilizando o método TWINSPAN (Two-way Indicator Species Analysis). Os agrupamentos foram caracterizados em relação à sua estrutura horizontal. Na área, foram identificadas 86 espécies, sendo 18 pioneiras, 25 secundárias iniciais, 16 secundárias tardias, 14 clímax, e 13 foram classificadas em mais de um grupo. Foram caracterizados três agrupamentos (G1, G2 e G3), em que se destacaram as espécies Siphoneugena reitzii, Araucaria angustifolia e Sebastiania commersoniana, respectivamente, em ambientes de encosta, de árvores emergentes e
úmido. No capítulo II, partindo dos agrupamentos formados na vegetação adulta, foram avaliados os mecanismos de regeneração. A chuva de sementes foi avaliada durante os meses de janeiro a dezembro de 2007 por meio da disposição de 96 coletores de 1 m², na qual foi observada diferença
significativa entre os três grupos na quantidade de sementes dispersadas. No estudo do banco de sementes do solo, realizado mediante a coleta de 5 cm de solo (retirando a serapilheira), observou-se que o grupo G1 demonstrou diferença significativa na quantidade de sementes estocadas em relação aos grupos G2 e G3. O banco de plântulas foi amostrado em 72 unidades amostrais de 2 m x 2 m, em
que todos os indivíduos com altura igual ou maior que 20 cm e DAP igual ou menor 1 cm foram identificados e contados. A análise estatística mostrou que, quantitativamente, houve diferença significativa entre os três grupos quanto ao número de indivíduos no banco de plântulas. Pela análise conjunta da vegetação adulta e mecanismos de regeneração, conclui-se, inicialmente, que o banco de plântulas, por ter apresentado maior similaridade com a vegetação, pode ser a estratégia principal de manutenção dessa floresta. A chuva de sementes é uma estratégia fundamental à manutenção do banco de plântulas. O banco de sementes não apresentou potencial florístico para substituir as espécies presentes na vegetação arbórea após alteração da floresta, sendo uma estratégia essencial ao restabelecimento inicial da área, dada a elevada densidade de plantas herbáceas. Foram consideradas como espécies arbóreas fundamentais Araucaria angustifolia, Siphoneugena reitzii, Ilex brevicuspis, Podocarpus lambertii e Vernonia discolor, em ambientes de encosta; Araucaria
angustifolia, Casearia decandra, Blepharocalyx salicifolius, Ilex paraguariensis e Sebastiania brasiliensis, em ambiente de arvores emergentes; Araucaria angustifolia, Blepharocalyx salicifolius, Cryptocarya aschersoniana, Ilex brevicuspis, Sebastiania commersoniana e Siphoneugena reitzii em
terrenos de maior umidade. Por meio dessas informações, acredita-se que tais espécies terão maior chance de estabelecimento em locais com características ambientais semelhantes.