Explicando o fenômeno da impregnação teórica da percepção a partir de críticas à tese da modularidade da mente
Resumo
A tese da impregnação teórica da percepção afirma que a percepção de sujeitos diferentes pode diferir em função dos conhecimentos, conceitos e teorias prévias de que dispõem. Frequentemente, essa tese é associada a posições relativistas e, por isso, rejeitada. Uma das estratégias apresentadas para evitar a impregnação teórica da percepção consiste em afirmar uma versão forte da tese da modularidade da mente, proposta por Fodor (1983). De acordo com essa tese, alguns estágios do processamento perceptual seriam realizados em módulos informacionalmente encapsulados. Esta dissertação compreende dois artigos independentes, o primeiro dos quais questiona a plausibilidade empírica e teórica do encapsulamento informacional dos módulos perceptuais. O segundo artigo apresenta argumentos favoráveis a uma concepção enativista da mente, na qual a tese da impregnação teórica não é tida como problemática, mas como um componente essencial. Esse segundo artigo baseia-se principalmente nos trabalhos de Noë (2004, 2009, 2012), e defendemos uma versão da tese da impregnação teórica da percepção que tem como fundamento a prática e as habilidades dos organismos nos ambientes físicos nos quais se encontram e com os quais interagem.