Fragilidade ambiental e expansão urbana da região administrativa nordeste da sede do município de Santa Maria - RS
Resumo
Ao longo das últimas décadas, vem se verificando que a degradação dos recursos naturais é uma realidade constante nas cidades do Brasil e vem desencadeando problemas
ambientais e sociais preocupantes. Os estudos geomorfológicos auxiliam na compreensão destes problemas ambientais, uma vez que se ocupa da interação de mecanismos complexos que modificam a superfície do globo. O estudo da fragilidade ambiental natural, acentuada pelas ações antrópicas, em ambientes urbanos, deve ser objeto de pesquisas que visem à expansão urbana. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é realizar o diagnóstico da fragilidade ambiental potencial e emergente da Região Administrativa
Nordeste da sede do município de Santa Maria-RS, que corresponde à zona de transição entre a Depressão Periférica Sul-rio-grandense e o Planalto da Bacia do Paraná, com
elevada amplitude altimétrica e declividades acentuadas. A metodologia utilizada tem como base Ross (1994), que define fragilidade ambiental a partir dos conceitos de Unidades
Ecodinâmicas (Tricart, 1977), agrupadas em Unidades Ecodinâmicas Instáveis e Unidades Ecodinâmicas Estáveis, com o estabelecimento de graus de fragilidade, desde o muito fraco, para o menor grau, até o muito forte para o maior grau. A Carta de Fragilidade Ambiental Potencial resultou da sobreposição dos Planos de Informações (PIs) das cartas Clinográfica, Morfológica, Geológica e de Solos. A Carta de Fragilidade Ambiental Emergente é o resultado da sobreposição dos PIs da Carta de Fragilidade Ambiental Potencial e da Carta de Uso da Terra e Cobertura Vegetal. Estas cartas expressam os diferentes graus de fragilidade que o ambiente possui em função de suas características genéticas e antrópicas. Na Carta de Fragilidade Ambiental Potencial foi constatado que 42,9% da área apresentam
fragilidade ambiental forte a muito forte. Estas fragilidades apresentam-se, em função das propriedades físicas, em locais com as maiores declividades do terreno, associado a solos
pouco desenvolvidos e à morfologia de morros. No momento em que se analisa a intervenção humana constata-se que a fragilidade ambiental aumenta, consideravelmente. A
Carta de Fragilidade Ambiental Emergente revela que 79,2% da área de estudo são consideradas de fragilidade entre média e muito forte, sendo que 48,6% apresentam
fragilidade forte. As áreas de maior fragilidade são as que estão menos protegidas, ou seja, as áreas em que já houve intensa modificação do ambiente natural resultante das ações
humanas. Nesse sentido, algumas recomendações foram propostas no intuito de adequar o uso da terra para que a R. A. Nordeste possa manter-se em equilíbrio ambiental. E, por fim, cabe ressaltar que essa pesquisa presta-se como subsídio a trabalhos futuros que venham a ser desenvolvidos na área, em especial aqueles voltados à preservação ambiental.