Literatura em rede nacional: a adaptação da obra A Muralha para a televisão
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Data
2013-03-01Primeiro membro da banca
Londero, Rodolfo Rorato
Metadata
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Este trabalho apresenta a análise do processo de adaptação da obra A
Muralha, de autoria de Dinah Silveira de Queiroz, para o formato minissérie, escrita
por Maria Adelaide Amaral. A narrativa literária foi encomendada à Dinah em
homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade de São Paulo, ocorrido no ano de
1954. Já a minissérie foi transmitida pela Rede Globo de Televisão, no ano 2000, em
comemoração aos 500 anos de descobrimento do Brasil. Romance histórico
clássico, a narrativa realiza um resgate do período de fundação da capital paulista e
de seus primeiros desbravadores, os bandeirantes. Para compreender a
transposição televisiva, inicialmente é realizada uma revisão teórica que abrange
desde os fundamentos da literatura comparada até chegar à teoria da
intermidialidade, além de se ressaltar o caminho percorrido pela adaptação desde
sua versão cinematográfica até sua variante televisiva. O objetivo da pesquisa é
analisar a adaptação a partir de elementos elencados por Robert Stam (2006):
autoria, personagens, permutas e modificações da história e contexto. Além disso,
Stam baseia seu modelo metodológico nas teorias do dialogismo de Mikhail Bakhtin
revisitado por Julia Kristeva - e da transtextualidade de Gérard Genette, que
também são utilizadas para fundamentar a análise. Ao visar descrever e analisar
elementos textuais que são modificados, transformados, excluídos ou ampliados no
processo adaptativo da narrativa literária para a narrativa televisual destaca-se,
entre os elementos de análise, a hipertextualidade que segundo Genette (2006)
consiste em toda relação que une um texto B (hipertexto) a um texto anterior A
(hipotexto). Na adaptação de A Muralha a obra literária constitui-se em um hipotexto
e a minissérie em um hipertexto. Sob esse prisma, a narrativa hipertextual
(minissérie) amplia, modifica, transforma e recria personagens, temáticas, enredos e
tempos textuais da narrativa hipotextual (livro). Conclui-se a partir disso, que o
processo adaptativo se configura em um espaço de diálogo entre a literatura e
outras mídias, promovendo diferentes releituras de uma mesma narrativa e
estimulando a capacidade intermidiática dos textos trabalhados.