Português instrumental no ensino técnico profissionalizante: desafios na formação de professores
Resumo
O desenvolvimento de estudos acerca da abordagem instrumental da língua, a qual completa mais de 30 anos no Brasil, faz-se relevante não só para repensar, de modo geral, o trabalho realizado na área de formação de professores de língua estrangeira, mas também para nortear as atividades de docentes de língua portuguesa que atuam na esfera da Educação Profissional de Nível Técnico (EPT), haja vista a aplicabilidade de vários de seus pressupostos teóricos dentro desse campo (MAGALHÃES, 2011). Partindo de tal constatação, o presente trabalho objetiva investigar o conhecimento do professor de Letras sobre a abordagem instrumental do ensino da língua portuguesa na EPT. Em termos de fundamentação teórica, serão considerados os trabalhos de Ramos (2005); Dudley-Evans e St. John (2005) para embasar as considerações feitas a respeito do ensino instrumental de línguas; os estudos de Kunze (2009); Magalhães (2011); Pacheco (2012) para discutir a Educação Técnica e Profissionalizante brasileira; as contribuições de Oliveira Junior (2008) e Santos Neto (2009) para debater questões relativas à formação de professores em especial, à formação do docente para atuar na EPT. Para efetuar este estudo, foram selecionados, como sujeitos da pesquisa, professores de língua portuguesa que pertencem (ou pertenceram) ao quadro de docentes das escolas do Sistema de Ensino Gaúcho (SEG) em Santa Maria, RS, ministrando aulas na disciplina de Linguagem e Comunicação ofertada para os diversos cursos de formação técnica em Nível Médio. Os resultados indicam que os professores de língua portuguesa atuantes na EPT, como não tomaram conhecimento sobre a abordagem instrumental para o ensino de línguas durante a graduação, acabaram tendo que buscar informações por conta própria para sanarem as dificuldades que enfrentaram em sua prática. Observou-se também que, apesar de complementarem autonomamente sua formação no tocante ao ensino instrumental, os professores creem que atuar nesse campo constitui tarefa difícil, pois exige preparo maior do que o envolvido na execução das atividades docentes no ensino regular.