Analgesia epidural com morfina ou buprenorfina em pôneis submetidos à sinovite carpal com lipopolissacarídeo
Abstract
O controle da dor da sinovite é importante na diminuição das respostas ao estresse, do sofrimento e da ocorrência de laminite no membro contralateral. O uso de opióides pela via epidural destaca-se pela qualidade analgésica, redução da dose dos fármacos empregados e redução de efeitos
colaterais e prolongado período de ação. O estudo objetivou avaliar os efeitos fisiológicos e analgésicos da administração epidural de 0,1 mg/kg de morfina ou 5 μg/kg de buprenorfina em pôneis submetidos à sinovite induzida com lipopolissacarídeo (LPS) de E. coli na articulação radiocarpiana.
Foram utilizados 6 pôneis hígidos, divididos em 3 grupos autocontrole e dispostos em um Quadrado Latino. O controle (GC) recebeu 0,15 mL/kg de solução de NaCl 0,9%, o grupo morfina (GM) recebeu 0,1 mg/kg de morfina e o grupo buprenorfina (GB) 5 μg/kg de buprenorfina, ambos pela via epidural e diluídos em solução de NaCl 0,9%, padronizando-se um volume final de 0,15 mL/kg e tempo de administração de 10 segundos/mL. Após avaliação dos parâmetros fisiológicos basais, os animais foram sedados e submetidos ao modelo de indução da sinovite, administrando-se 0,5 ng de LPS na
articulação radiocarpiana. Ato contínuo foi introduzido um cateter epidural no referido espaço, até a região tóraco-lombar. 6 horas após a administração do LPS, os animais foram submetidos a um novo exame clínico geral e específico (tempo 0) e administrados um dos tratamentos. Os exames clínicos geral (FC, f, PAS, TPC, coloração das mucosas, TºC e motilidade intestinal) e específico (dor à palpação, ângulo de flexão máxima do carpo, dor à flexão máxima, grau de movimentação da articulação, comprimento do passo e grau de claudicação) foram realizados aos 30 minutos e 1, 2, 4, 6,
8, 10, 12, 16, 20 e 24 horas após a administração epidural, por um observador cego aos tratamentos. Para as variáveis paramétricas utilizou-se análise de variância para amostras pareadas, com posterior teste de Dunnett. Para comparações entre os grupos, realizou-se análise de variância, seguido de teste de Tukey. Para as variáveis não-paramétricas utilizou-se o teste de Wilcoxon para amostras pareadas. As diferenças foram consideradas significantes quando P<0,05. O modelo de indução da sinovite produziu alterações no grau de claudicação, dor à palpação e ângulo de flexão, mantendo presentes dor à flexão máxima e reduzido grau de movimentação da articulação, mas não causou alterações nos
parâmetros fisiológicos. O GC apresentou diferença na análise da claudicação em relação aos parâmetros basais até 12 horas. GM e GB apresentaram redução de claudicação entre 30 minutos e 12 horas, e 6 e 12 horas, respectivamente. Dentre os parâmetros fisiológicos, observaram-se alterações na motilidade intestinal, ocorrendo hipomotilidade aos 30 minutos no GM e entre 30 minutos e 1 hora no GB; e na temperatura corporal, que se manteve elevada até 10 horas em GM e GB. O modelo de indução da sinovite foi eficiente por 12 horas. A morfina proporcionou analgesia entre 30 minutos e
12 horas após a sua administração, enquanto que a buprenorfina apresentou esse efeito somente após 6
horas, permanecendo por mais 6 horas.