Determinação do potencial térmico em barras conectoras de resina acrílica autopolimerizável de fixadores externos por termografia
Resumo
O uso da resina acrílica de polimetilmetacrilato (PMMA) como barra conectora de
fixadores esqueléticos externos (FEE) tornou-se bastante comum em medicina
veterinária devido a sua versatilidade, fácil aplicação e baixo custo. O objetivo deste
estudo foi avaliar o potencial térmico de dano aos tecidos moles e ossos, através da
termografia, proveniente da reação exotérmica durante a confecção da barra
conectora, e avaliar se a irrigação direta com solução de NaCl a 0,9% é necessária e
eficiente. Para tanto, 18 fixadores esqueléticos externos do tipo II foram
confeccionados por moldagem manual para a estabilização de fraturas de rádio e
ulna ou de tíbia e fíbula, divididos em quatro grupos: confecção simultânea bilateral
sem Irrigação (5), confecção simultânea bilateral com Irrigação (4), confecção
unilateral sem irrigação (5) e confecção unilateral com irrigação (4). Através de
imagens térmicas, do quinto ao 25º minuto após a mistura, foram determinadas as
temperaturas máximas das barras conectoras de PMMA e do ponto de contato dos
pinos com a pele a cada minuto. Em um experimento complementar, foram
elaboradas barras de PMMA medindo 150mm de comprimento, com diâmetros de
20mm, 25mm e 32mm com cinco pinos do tipo intramedular liso, com 2, 3, 4, 5 e
6mm de diâmetro em cada. Imagens térmicas foram obtidas a intervalos de 30
segundos, do quinto ao 20º minuto após a mistura, e as distâncias em que os pinos
atingiram 50ºC em relação à barra de acrílico foram medidas. A temperatura máxima
dos acrílicos foi de 105,5ºC e a irrigação possibilitou uma redução média significativa
de 21,6ºC (p<0,01) na temperatura máxima e de 11,1 minutos no tempo de
permanência acima de 50ºC (p<0,01). A temperatura máxima da interface pino-pele
foi de 56,6ºC, sendo que nos quatro casos (22,2%) em que a temperatura máxima
foi superior a 50ºC a distância entre acrílico e pele ficou entre quatro a 6mm; através
da irrigação, a temperatura média foi significativamente reduzida em 8,1ºC (p<0,01).
Conclui-se que existe potencial de lesão térmica pelos pinos, a partir da barra de
acrílico, até a distância de 6mm, a irrigação direta é eficiente na redução deste
potencial de lesão, a confecção simultânea das duas barras de acrílico não altera o
potencial de lesão térmica, e, por último, recomenda-se especial atenção à distância
da barra à pele, quanto mais espessa a barra, maior a deve ser a distância,
observando-se neste experimento a distância mínima de 4mm em barras com
diâmetro até 20mm, 6,5mm em barras com diâmetro até 25mm e 10,5mm para
barras com diâmetro até 32mm.