Epidemiologia, prevalência e distribuição das lesões extrarrenais de uremia em cães
Resumo
Os rins exercem funções vitais para o organismo como a excreção de resíduos, manutenção das concentrações de sal e água, produção de hormônios e regulação do equilíbrio ácido-básico. Com a redução severa da função renal, ocorre a retenção de produtos nitrogenados do catabolismo das proteínas, condição denominada de azotemia. A uremia pode ser entendida como uma condição resultante de azotemia prolongada e é uma importante causa de morte em cães. Com o objetivo de determinar a epidemiologia, a prevalência e as características morfológicas, incluindo a localização anatômica, das lesões extrarrenais de uremia, bem como determinar as principais lesões do sistema urinário associadas à ocorrência de uremia, foram revisados os protocolos de necropsias de cães realizadas no Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal de Santa Maria entre janeiro de 1996 e dezembro de 2012 (17 anos). Nesse período foram necropsiados um total de 4.201 cães, sendo que 161 (3,8% ) apresentaram lesões extrarrenais de uremia. Em 134 cães (83,2%) foram descritos sinais clínicos associados à uremia. As lesões extrarrenais mais frequentes, em ordem decrescente foram: a gastrite ulcerativa e hemorrágica (56,5%), mineralização de tecidos moles (55,9%), edema pulmonar (47,2%), estomatite e/ou glossite ulcerativa (30,4%), endocardite/trombose atrial e aórtica (28,6%), hiperplasia da paratireoide (9,3%), osteodistrofia fibrosa (8,1%), anemia (6,2%), laringite ulcerativa (5%), enterite ulcerativa/hemorrágica (3,7%), esofagite fibrinonecrótica (1,9%) e pericardite fibrinosa (1.9%). Na maioria dos casos, as lesões extrarrenais de uremia foram decorrentes de azotemia prolongada por lesões renais graves, sendo as mais prevalentes a nefrite intersticial e a glomerulonefrite.