Doação de órgãos: um estudo em representações sociais na saúde
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2012-08-31Metadatos
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O transplante surge na medicina como uma possibilidade para o prolongamento da vida humana. Tal prática passa a ser rotineira nos hospitais e demanda que os profissionais de saúde estejam aptos para lidar com o assunto, assim como atuar de forma que a doação de órgãos seja efetivada. Esta pesquisa teve como enfoque elucidar a percepção de médicos intensivistas e enfermeiros alocados em uma unidade de terapia intensiva adulto do interior do Rio Grande do Sul sobre a doação de órgãos. Constituiu-se num estudo descritivo-exploratório, a partir de entrevistas semiestruturadas individuais e de análise de conteúdo temático. A morte foi um tema recorrente nas entrevistas, já que seu diagnóstico é pré-requisito para o transplante. A carência de recursos estruturais e de profissionais, assim como a descontinuidade do processo devido à comunicação falha entre equipes frustrou a prática dos profissionais. O estudo e o treinamento sobre o assunto figuraram como importantes para qualificar a prática dos profissionais, tanto quanto o diálogo e o confronto das ambiguidades presentes na consideração da morte e da doação de órgãos. A ideia de doação surgiu influenciada pela noção de morte, representada pelos profissionais como a parada cardiorrespiratória. O diagnóstico de morte encefálica foi apresentado como sinônimo de início do processo de morrer, que destoou do significado de óbito: morte e óbito não apareceram como sinônimos, e sim como fenômenos consecutivos. O defrontar-se com a possibilidade de doação de órgão e, mais que isso, com a morte, causou impacto na atuação do profissional e certa incongruência entre os profissionais envolvidos. Com isso, buscaram também a ―analgesia‖ em seu fazer. O processo de doação de órgãos foi comprometido por resistências dos profissionais. Ao mesmo tempo, a resistência dos entrevistados em aceitar a morte proporcionou o anseio pela realização do transplante e o salvamento de vidas.